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Ao mesmo tempo que nos amedronta, também nos faz sonhar, a vida de pastor. A arte da pastorícia, da transumância confunde-se com a “arte” da própria terra. Calcorreando as serras e vales, ao frio, ao vento e à chuva, lutando contra lobos e lobisomens, contra perigos inimagináveis com sua flauta e seu fiel amigo. Ele conhece-as pelo nome, pelo olhar. Sabe se estão bem ou se algo as atormenta. Elas, as ovelhas, são a sua vida e ele o seu pastor!
Sempre me fascinou a vida de pastor, o sentido de liberdade que corre no sangue daqueles se apoiam no cajado. O constante contacto com a natureza torna-os mais sensíveis às coisas simples da vida, tornando-os seres especiais capazes de encontrar a beleza até na mais insignificante pedra que nos estorva no caminho.
A nossa cultura é riquíssima nas manifestações das artes da pastorícia. Desde o Gerês à Estrela, até às planícies alentejanas, afloram a cada passo imagens e saberes dessa arte antiga.
Desta vez foram os abrigos ou casinhas dos pastores que me enriqueceu a alma. São dados alguns grandes passos no sentido de preservar este riquíssimo património etnográfico, arquitectónico e cultural.
Pedras sobre pedra se constroem abrigos, suficientemente fortes para resistirem até aos nossos dias. Sem argamassas, sem vigas e escoras, sem estudos nem projectos.
Estes abrigos dos pastores espalham-se por toda a Serra do Feital, das Brocas e Vilares, estando documentados mais de uma centena. Tinham e têm com objectivo principal abrigar os pastores das intempéries.
Salvo uma ou outra excepção, por razões morfológicas do terreno, as casinhas estão viradas a nascente. Diz-se que a técnica usada na construção é de influência celta e a orientação dos abrigos a nascente transmitir-nos-á uma imagem de misticismo, o alinhamento com a fonte de vida, a energia vital do planeta, o Sol. Todavia outras razões se poderão adiantar para tentar explicar a orientação a nascente, nomeadamente a tentativa de não expor as entradas dos abrigos às correntes e ventos vindos do norte com um sopro fino e gélido, além de quase todos eles estarem situados na encosta este da serra.
Cada casinha comporta desde uma a mais de duas dezenas de pessoas.
Apesar de não serem exclusivos da zona do Feital, já que podemos encontrar exemplares destas construções magníficas espalhados pelo norte de Portugal e Galiza, é aqui que um maior número se encontra concentrado. E até aos tempos hodiernos mais não chegaram porque, sabemos, que a consciência cultural que felizmente se começa a notar nos portugueses é recente e muitas das casas assim como muros meeiros implantados nas serras foram destruídos que para aproveitar o seu espaço mas acima de tudo para aproveitar a sua pedra.
Ao longe a Serra da Marofa
Animação com o grupo musical Chuchurrumel
Na minha aldeia o Paraisal a esses mesmos abrigos de pastores dá-se o nome de choiços.
Olá Maria,
Obrigado pela visita.
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