O serpenteado da montanha começa a dar tréguas e o sol que queima de Marraquexe já ficou abandonado há muito. Ouarzazate está a 30kms, mas Ait-Benhaddou também.
Fazemos um pequeno desvio para visitar umas das mais famosas kasbah e que serviu de cenário a dezenas de filmes, como A Múmia, Gladiador, A última tentação de Cristo, Lawrence das Arábias, entre outros…
A estrada é terrível. A sobressair nesta paisagem, que mais parece ser da própria lua, vemos pela primeira vez os famosos dromedários. Estão ali pasmados, à beira da estrada, mas também à beira do que fora e virá a ser um grande rio, pelo menos na época das chuvas.
Esta fortaleza de barro, avermelhado, encosta-se sobranceira à montanha rochosa. É quase uma carcaça…
Aqui e ali, as palmeiras quebram o ritmo neste mar vermelho, protegido pela UNESCO. Percebe-se a escolha do cenário para inúmeros filmes. E foi também à custa deles que esta kasbah se manteve preservada, a lembrar os tempos das caravanas intermináveis que cursavam o deserto.
Pago 1o dirhams para entrar.
Este é um museu diferente, onde a beleza da arte está em uma pessoa se perder nos labirínticos corredores, todos diferentes, mas para mim, passados a papel químico. Somos convidados a visitar os cantos recônditos da casa onde uma das famílias berberes habita. A nudez das paredes, do chão, da vida… o desprendimento, salta à vista, não fosse a imprescindível parabólica. Atravessamos um corredor. De um lado, sempre dedicado à mulher, está o moinho para o cuscuz, do outro um tear, enorme. Ao fundo do corredor, o local de reunião. Um chão quase despido com uns tapetes de lã de cabra e uma mesa simples, com a imprescindível chaleira.
No interior do Kasbah, os poucos que residentes que, e diga-se, ali resistem, são uma ajuda para perceber os meandros do labirinto.
As bugigangas marroquinas também já aqui entraram. Há barraquinhas, mas os seus guardiões parecem não perceber que passamos…
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