Quando Martins Sarmento, esse arauto da arqueologia (curiosamente licenciado em Direito), visitou Guilhafonso em 1881, estava longe de saber que por estas bandas existia um majestoso exemplar de Castanea sativa Mill., vulgo castanheiro, que irrompeu da terra há centenas de anos.
No entanto, ainda que o calor convidasse a uma sesta matinal nas sombras frescas do castanheiro, disponho-me a visitar, logo ali ao lado, um dos mais importantes marcos do megalítico na zona raiana: a Anta de Pêra do Moço.
Antas e dólmenes abundam pelo território nacional, alguns melhor preservados do que outros. Este surpreendeu-me pela positiva. Para lá das normais ervas secas, bem características do tempo seco do interior do país, a anta encontra-se em óptimo estado de preservação, contando na área com um painel informativo.
Quando, em 1881, Martins Sarmento visitou este dólmen descreveu-o desta forma: “Está no meio de um campo cultivado e serve, ora de cozinha, ora de abrigo aos guardas do campo ou aos rapazes que pastoreiam gado. O interior da câmara tem sido por vezes revolvido. É uma construção pequena, mas sofrivelmente conservada.”
Esta utilização rural da anta, quase umbilicalmente ligada à dura lavoura, teve como consequência a destruição de partes da mesma, situação que não impede que a possamos apreciar na sua beleza com energia suficiente para nos transportar para outros tempos, mesmo antes de o milenar castanheiro ter nascido.
Localização:
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Coordenadas: N 40° 37.583 W 007° 11.848
[…] Anta de Pêra do Moço (Guarda) […]