Não há na história nacional dia igual aquele dia de 8 de julho de 1957, quando as forças policiais irromperam pela aldeia do Colmeal (concelho de Figueira de Castelo Rodrigo), rasgando a ruralidade de um Portugal perdido na beira, esquecido de todos e à mercê da lei do mais forte onde a vontade dos poderosos imperou pelo uso da força.



O episódio trágico ficou enterrado na memória coletiva das gentes, assim como as vidas daqueles que pereceram, num secretismo ditatorial que oprimia o país, vergando a miséria dos mais pobres às vontades dos mais ricos.
Pouco ou mesmo nada se escreveu na época do massacre e pouco se estudou ainda hoje, mas sabe-se que Rosa Cunha e Silva devidamente coadjuvada com o seu advogado Manuel Vilhena conseguiu por artifícios e maliciosas intenções alterar o estatuto das terras de Colmeal de aldeia para quinta privada da qual era herdeira. A partir daí bastava exigir os tributos aos habitantes da terra. Grassava a fome e a vida era dura, pouco sobrava para subsistir e menos ainda para suportar as rendas que a nova senhoria impunha.
Lemos que serviu de pretexto para a ação judicial de despejo a mora do pagamento, mas não será de estranhar que assim mesmo acontecesse. Como poderiam os aldeões satisfazer o pagamento dos impostos???
O certo é que o despejo ganhou forma e foi executado à mão armada pelas forças policias. Não se sabe quantos morreram e menos se pode adivinhar para onde fugiram os sobreviventes e qual a sua sorte. Mas desde esse dia 8 de junho que não voltou a haver vida naquela aldeia.



Restam ruínas das casas de habitação encimadas pelo que resta da igreja. Tudo jaz aqui no sopé da Marofa, que a tudo assistiu, testemunho mudo que engoliu os gritos de desespero e os sons da metralha da GNR.
Parece que no final e para pagar ao advogado a poderosa Rosa terá sido forçada a vender as terras, mas para encontrar o desfecho feliz da história temos de percorrer 60 anos na história até à inauguração do hotel – Colmeal Coutryside Hotel – que nos dias de hoje restitui um pouco de vida à aldeia abandonada.
Ruínas: Se gosta de ruínas, lendas e estórias, de certeza que vai querer ler sobre um lugar não muito longe do Colmeal, já no concelho de Pinhel: Bogalhal Velho e a maldição das formigas gigantes





