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Entre El Calafate e Puerto Natales

América do SulEntre El Calafate e Puerto Natales

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Estamos outra vez na estrada e vão ser 5 horas entre El Calafate e Puerto Natales, no Chile.

Aqui, em vez de km, costumamos contar as distâncias em horas. Os kms são relativos por estas paragens, os caminhos incertos e os obstáculos diversos.

Com tantas horas na estrada, que por aqui ainda parecem mais infindáveis,  haverá tempo para muita coisa.

De Calafate a Puerto Natales-1 De Calafate a Puerto Natales-3

O bilhete de autocarro já tinha sido comprado há dois dias, por isso quando chegamos ao terminal de omnibus entrámos diretamente no coletivo. A pouco e pouco o coletivo vai ficando atoalhado de viajante, todos rigorosamente equipados até às orelhas. Calças de trekking, botas revestidas para suportar as agruras da montanha, casacos coloridos, mochilas impermeáveis e bastões para enfrentar os Andes.

Eu sei que estamos já a caminho do ponto mais autral do continente americano e que o espanhol continua a ser a língua oficial deste território. Mas no nosso coletivo não se ouve espanhol. Os viajantes comunicam em inglês, francês e outros idiomas que não consigo isolar.

Para lá da janela, a paisagem não muda muito. São campos despidos a perder de vista. Nota-se que o vento continua a soprar forte, penteando tudo e revoltando-se, ao longe, formando pequenos remoinhos que levantam o pó da estepe.

A estepe patagónia, nesta altura do ano, outono aqui e primavera na Europa, está transformada num manto acastanhado com os pequenos tufos de erva seca a rolarem ao sabor do vento.

Ao longe ainda se vêem os afloramentos rochosos dos incríveis “cerros” da cordilheira.

De quando em quando, a monotonia patagónica é quebrada por um ou outro guanaco que se assusta à passagem do autocarro, enquanto, lá por cima, o condor vigia os nossos passos.

Por volta das 9:30, pouco depois da partida de El Calafate,  já sentimos os solavancos do coletivo na mítica ruta 40, no troço até Rios Gallegos.

De Calafate a Puerto Natales-6

Esta gigantesca estrada atravessa toda a Argentina, percorrendo um total de 5224 km. Começa ao nível do mar, atravessa 20 parques nacionais, 18 importantes rios, liga 27 passagens de montanha na cordilheira andina e sobe a 5.000 metros de altitude na Abra del Acay em Salta. São números que impressionam. A nós impressiona-nos mais o casal de francês que vemos pela janela.

Montados em duas bicicletas e com um atrelado, onde vai uma criança. Só podem ser o mesmo casal que esta também no nosso hostel em El Clafate. Devem ter sido de madrugada, uma vez que até aqui são, não menos de 100 kms. Pelo que percebi, não deu para conversar conversar muito, vêm desde Santiago do Chile, fazendo a ruta austral até ao fim do mundo. Não vêm sozinhos, trazem o filho que não deve ter mais de dois anos, mal caminha.

É preciso coragem para empreender uma viagem deste envergadura com uma criança de idade tão tenra. Aventuram-se nestas paragens austrais onde escasseia tudo. Ao mesmo tempo deve ser inigualável sentimento de liberdade.

Na fronteira procuram frutas e outros alimentos similares nas nossas mochilas. Dizemos que não transportamos nada, só comida embalada. Feitos os normais procedimentos na fronteira, começamos a ver, ao longe, a razão de virmos até este lado: O Parque Natural Torres del Paine.

De Calafate a Puerto Natales-5
Na fronteira ( Paso Río Don Guillermo )

Com os montes sempre em pano de fundo, chegamos a Puerto Natales, a próxima cidade no nosso mapa austal.

É uma aldeia piscatória mas que, nos últimos anos, tem crescido muito pela sua posição estratégica junto ao Parque Nacional Torres Del Paine, um dos sítios mais fantástico do planeta para os amantes do trekking e das atividades ao ar livre.

Primeira impressão: a luz austral é assombrosa e… parece que vai chover!

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O Parque Nacional Torres del Paine, à nossa chegada a Puerto Natales

 

os meus trilhoshttps://osmeustrilhos.pt
Somos uma família apaixonada… apaixonada pelo mundo e pelas viagens, sejam elas curtas ou longas. Mas a maior das viagem começou há pouco, quando à equipa se juntou o pequeno Simão. Durante uma parte do ano vestimos as capas de dois burocratas do funcionalismo público, na outra, metemos a mochila às costas, pegamos no Simão, e vamos por aí… ver com outros olhos, conhecer o mundo, conhecendo-nos cada vez mais a nós próprios. Adoramos grandes aventuras por lugares longínquos, mas também gostamos de pegar no carro e andar por aí, sem destino. E porque a viagem não acaba nunca, como dizia Saramago, depois da viagem passamos tudo para aqui: textos, fotos, vivência, enfim… a nossa viagem! Um pouco de tudo num blog que é da Guarda para o mundo! Tudo sobre nós >>>

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Somos uma família apaixonada… apaixonada pelo mundo e pelas viagens, sejam elas curtas ou longas. Mas a maior das viagem começou há pouco, quando à equipa se juntou o pequeno Simão. Durante uma parte do ano vestimos as capas de dois burocratas do funcionalismo público, na outra, metemos a mochila às costas, pegamos no Simão, e vamos por aí… ver com outros olhos, conhecer o mundo, conhecendo-nos cada vez mais a nós próprios. Adoramos grandes aventuras por lugares longínquos, mas também gostamos de pegar no carro e andar por aí, sem destino. E porque a viagem não acaba nunca, como dizia Saramago, depois da viagem passamos tudo para aqui: textos, fotos, vivência, enfim… a nossa viagem! Um pouco de tudo num blog que é da Guarda para o mundo! Tudo sobre nós >>>

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