A noite foi complicada! Estamos no meio do quase nada, no Alto Atlas. A electricidade que aqui chega, chega à força de geradores. Não sei se das quantidades absurdas de chá que tenho ingerido, se do ensombro da viagem, a verdade é que o sono não queria aparecer.



Combinamos com o guia sair às 7 da manhã. Vai-nos levar num trecking de umas horas pelas montanhas que rodeiam Todra Gorge, visitar algumas famílias nómadas e regressar por volta das 11 da manhã.
Estamos, finalmente, em Todra. O sol começa a romper e a pintar de dourado as faces desta garganta magistralmente esculpidas no coração da montanha. Não desminto que desde há uns anos sonhava com este local. Estas enormes paredes atraem alpinistas de todos os cantos da Europa. E não é para menos. Duas paredes vermelhas que a água do rio Dadés escavou durante séculos têm agora mais de 300 metros de altura.



Caminhámos monte acima. Com o romper da aurora, agita-se a população da montanha. Descem ao rio, com as suas mulas, recolher água, trocar produtos e lavar roupa. É assim todos os dias. Os rebanhos seguem o mesmo trajecto. As cabras “alpinistas” descem o monte, todos os dias, para beber no rio. Que razão tão forte impede que estas pessoas, não tendo nada na montanha, não se mudem para junto do rio? Vivem e continuam vivendo como os seus antepassados. São nómadas…






Conta-nos o guia que a tradição já não é o que era. Antigamente, se um rapaz gostava de uma determinada rapariga, ambas as famílias organizavam uma reunião. Cabia à pretendida preparar o chá e ao rapaz ser o primeiro a prová-lo. Se o chá fosse açucarado era sinal de que era aceite pela rapariga. Chá sem açúcar era sinal de rejeição. Não havia palavras, tudo dependia deste simples ritual, com um sabor amargo, muitas vezes.



Empreendemos o caminho de regresso por entre o palmeiral. O sol queima. Já não me recordo há quanto tempo não bebia uma coca-cola. Esta é diferente, é bebida na montanha, no Alto Atlas, em Marrocos.






Localização e Dicas
– A melhor altura para passear pela montanha e pela garganta é durante a manhã. Além da luz ser espectacular, poderá observar o corrupio matinal dos nómadas.
– Se pensar em ficar mais do que um dia nesta zona, não se preocupe em alugar hotel ou hostel com antecedência. Há várias opção nas redondezas.
– Não deixe de fazer o trecking na montanha, aconselhável com guia. Caso haja necessidade, poderão contactar-me que forneço o contacto de um guia local.
– E claro leve calçado adequado e boa disposição 🙂
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Mais fotos
























Oi Sergio e Sandra, td bem?
Vou passar uma noite e um dia lá com a minha namorada em janeiro.
Vocês poderiam nos ajudar com dicas? Sobre hostel, guias, coisas que devemos fazer por lá, como chegar e como sair de lá.
Muito obrigado!
Grande abraço
Olá Pedro,
Desculpa a demora na resposta. Essa zona de Marrocos é extraordinária, seca, agreste, mas muito bonita. Na zona de Todra, se não forem praticantes de escalada, não há muito que fazer. Contudo, vale a pena passa, no mínimo, uma noite e um dia. Sugiro, por exemplo, que cheguem ao final do dia, durmam lá e no dia seguinte façam um trecking pelas montanhas, que é muito, muito bom.
É muito fácil chegar lá. A cidade mais próxima é Tinghir, mas mesmo ao pé da Garganta existem várias opções de alojamento. Não há necessidade de marcar com antecedência, uma vez que existem muitas opções de alojamento pelas redondezas.
Lá, com certeza, encontrará algum guia para fazer convosco o trecking por todra, contudo deixo-vos o contacto de HASSAN, que foi o nosso guia. Ele é muito simpático, fala inglês e espanhol, por isso é uma excelente opção. O tel. é 00212676733461
Se tiveres mais alguma dúvida, estamos por aqui.
Já agora, vou colar o teu comentário no nosso site, na página de Todra, uma vez que esta informação também poderá interessar a outros viajantes.
Abraço.
Naquilo que é igual e em tudo o que é diferente, este nosso mundo é fascinante.
Caro Armando, não podíamos estar mais de acordo. A sua observação, além de inspiradora, foi certeira. Obrigado e continue a ler-nos. Abraço