


Vista panorâmica de Florença, desde a Piazza Michelangelo! Do lado esquerdo da foto podem ver-se as várias pontes que ligam as margens do rio Arno, com a famosa ponte Vecchio em primeiro plano. Ao centro a torre do Palazzo Vecchio e o topo da Duomo.
Mentiria se negasse que estou excitado por estar em Florença. Afinal, foi aqui que o mundo moderno floresceu. Aqui, as trevas deram lugar à luz, encerrámos um longo capítulo – de séculos – na história da Humanidade. Resgatámos os clássicos, descobrimos as cores, as formas do corpo, os cheiros e os sons da alegria.
Aqui, cresceu e se fez homem, um jovem indisciplinado, inventivo, com a cabeça à roda, cheia de geringonças… Foi esta a cidade que viu Leonardo Da Vinci crescer. Foi esta a cidade que albergou a primeira escola inteiramente dedicada às artes. Aqui, os Medici transformaram uma pequena cidade no mais avançado centro artístico e intelectual de toda a Europa. Aqui, o mundo conheceu Lorenzo di Medici – Il Magnifico – mas também umas das mais intrigantes e majestosas esculturas, cuja perfeição só ao trabalho dos deuses pode ser atribuído, o David de Michelangelo.
Aqui Vénus nasceu pela mão magistral de Sandro Botticellii, e a “sua” primavera ganhou novas cores…
Aqui estou, num dia quente de Verão. E, hoje, é um bom dia para percorrer Florença.
Em passo lento, vagueio pachorrentamente pelas margens do Rio Arno, este rio teima em dividir a cidade de Florença em dois.
Conto as várias pontes que ligam as margens, estes dois mundos. Avisto, ao longe, a ponte Vecchio. Recordo as várias lendas que li sobre a ponte.



Corria o ano de 1944 e as tropas nazis atacavam a todo o fogo a cidade de Florença. Uma a uma, as várias pontes, que hoje escondem timidamente os resquícios do passado, foram caindo como um baralho de cartas. Restou uma: a ponte Vecchio. Termina a história e ressurge a lenda. Conta-se que terá sido, o próprio Hitler a ordenar que a ponte fosse poupada, outros afirmam que o comandante da zona, desobedecendo diretamente a Hitler, impediu que esta fosse bombardeada.
Sempre tive muita dificuldade em separar a lenda da história, complementam-se, são duas faces da mesma moeda, são o yin e o yang. Verdadeiramente, as lendas, com todo o romantismo que encerram, são sempre mais bonitas que a verdadeira história. E hoje, o que resta dela é esta ponte fantástica.



Contruída em 1345, é a mais antiga da cidade, foi projetada por um dos pupilos de Giotto, Taddeo Gaddi. Foi inicialmente ocupada por talhantes e ferreiros até serem expulsos por Fernando I em 1593, e substituídos pelos melhores ourives e joalheiros de toda a Itália. Ainda hoje mantem o mesmo glamour.
Diz-se, ainda, que o conceito “falência” teve origem nesta ponte quando, um mercador que não conseguia pagar suas dívidas, viu a mesa sobre a qual vendia a sua mercadoria (“il banco”) quebrada fisicamente (“rotto”) por soldados. Daqui surgiu a… “bancorotto” 🙂
O fim de tarde traz à cidade uma lufada de luz amarelo desbotado, fazendo sobressair as mármores multicolores da Duomo.



Ainda é cedo, tento visitar a Galleria dell’ Accademia.
As pessoas faziam fila para ver aquela que é, talvez, a escultura mais famosa do mundo, um nu com 5,20m, esculpida por Michelangelo: o David!
Passa-se o tempo trocando ideias sobre futebol, com o parceiro mais improvável: um chinês. Conhece bem o nosso futebol e até, aquilo que ele chama de, “Golden Generation”.
É, deveras, impressionante. Um nu colossal, com uma musculatura perfeita, um olhar genuíno que, depois de 5 séc., ainda mantém o mesmo mistério. Rendo-me, não só ao David mas também aos Quatro Prigionieri, que parecem lutar para sair do bloco de pedra, onde, segundo Michelangelo, sempre estiveram.
Cai a noite em Florença, regresso ao hotel.
Reparo na igreja de Ognissanti (ou “de todos os santos). Na igreja da paróquia do famoso aventureiro Vespucci, encontra-se sepultado um dos meus ídolos de juventude, desde as longínquas aulas de história do 11º ano, numa escola perdida no sopé da Serra da Estrela – Sando Botticelli, cujas mais famosas obras se encontram na Uffizi…



Acordo em Florença… hoje é dia para deambular pela cidade e para visitar a Galleria degli Uffizi. Apesar do cansaço que se acumula, hoje é um bom dia para partilhar alguns momentos com Botticelli, Piero della Francesca, Michelangelo, Rafael, Donatelo e muitos outros… vamos lá então!
– Galleria degli Uffizi



-Duomo, vista do terraço da Gelleria degli Uffizi



– A Duomo



– Interior da Duomo



– Busto de Dante Alighieri, nascido em Florença, a 25 de maio de 1265



– Pallazzo Pitti – Mandado construir pelo banqueiro Lucca Pitti. Através desta ostentação de riqueza e poder, a família Pitti tentava rivalizar com os Medici. Ironicamente, os Medici compraram o palácio quando o seu elevado custo levou os herdeiros da família Pitti à falência.



Dicas de Viagem: Florença
Como chegar?
Florença é uma cidade com uma riqueza artística e cultural impressionante. Um paraíso para os amantes da História.
Existem cerca de 4 comboio por hora desde Roma. Os comboio rápidos demoram cerca de 1,5h e os regionais, cerca de 4h.Para horários e preços consultar o site da TrenItalia: http://www.trenitalia.com
Mover-se na cidade
Florença é uma cidade pequena, pode percorrer-se, facilmente, a pé.
Todavia, para alguns locais mais afastados, p.ex. a Piazzale de Michelangelo, pode apanhar-se o autocarro (1€ por viagem, 5€ bilhetes diários – podem comprar-se os bilhetes em todos os quiosques e cafés)
Alojamento
Pude testemunhar e acompanhar tudo o que aqui é descrito…
Belas fotos…
Melhor companhia
Maravilhoso.
Obrigado Cidália… Abraços
Gostei muito de visitar. Não me importava de voltar