Camilo Pessanha (1867 – 1926) escreveu terem “floriram por engano rosas bravas” num dia de inverno! Esse Camilo, arauto da poesia portuguesa, amante de ópio e juiz de leis, jaz, descansando eternamente, no cemitério de São Miguel Arcanjo em Macau.
Representante máximo do simbolismo poético, o autor de Clepsidra, viveu em Macau durante mais de 30 anos, onde desempenhou a função de Juiz, interpretou os sinais do tempo e deixou um dos mais maravilhosos legados poéticos que Portugal poderia almejar.
Fernando Pessoa dirige-se a Camilo como aquele que me “ensinou a sentir veladamente; descobriu-se a verdade de que para ser poeta não é mister trazer o coração nas mãos, senão que basta trazer nelas a sombra dele. (…) Estas palavras que são nada bastam para apresentar a obra do meu mestre C. P. O mais que é tudo, é Camilo Pessanha.”
Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las…
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!…
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos…
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze — quanta flor! — do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
Camilo Pessanha



Um dos mais belos poemas da nossa língua…,
Mais um “post” fantástico no meu blog preferido.
É como estar um pouco contigo
Adorei
Sim, Sem duvida!!!!
Obrigado bé!