Acordar, olhar pela janela e ter este panorama faz-nos sentir viajantes privilegiados.
São 6:30 da manhã e o sol começa a invadir a baía de Copacabana, nas margens do lago Titicaca.
Veêm-se atracados ao cais as lanchas que todos os dias fazem o percurso entre Copacabana e as diversas ilhas espalhadas pelo lago, levando locais e turistas.
A pequena cidade encostada à fronteira com o Peru ainda dormita. Tomamos o pequeno almoço com calma e dirigimo-nos ao cais. O nosso plano para hoje cinge-se à Isla del Sol. Enquanto isso, a cidade começa a acordar, agita-se, combate as temperaturas gélidas da manhã. Estão cerca de zero graus centígrados.
No cais, depois de uma prévia conversa com os barqueiros, comprámos o bilhete de lancha para o norte da Isla del Sol. Pagamos 20 bolivianos para a parte norte da ilha, um excelente preço. Esperam-nos 2 horas por águas azuis, de um azul que pensava não existir.
Estamos a quase 4 mil metros de altitude, no lago navegável mais alto do mundo e aqui as águas fundem-se com o próprio céu.
A Isla del Sol é, sem dúvida, a mais famosa das 41 ilhas do Lago Titicaca. Apesar de geograficamente se situar na Bolívia, a verdade é que esta ilha sagrada pertence ao imaginário dos Incas, pois teria sido aqui que os Incas começaram o seu império. A ilha atualmente é povoada por indígenas de origem quechua e aymara, dedicados ao artesanato e ao pastoreio, principalmente de gado ovino.
Existem muitos sítios arqueológicos à volta da ilha. Estudos indicam que a civilização Inca teve origem na ilha, com o surgimento de Manco Capac.
Depois de duas horas a navegar neste “mar” azul, chegámos ao norte da ilha, a Challapampa. O plano é desembarcar aqui, no norte, e percorrer a ilha a pé, de norte a sul. A meio da tarde estaremos na parte sul da ilha, onde podemos apanhar uma lancha de volta a Copacabana. Esperam-nos 4 horas, sob um sol intenso a subir e descer montes.
Na pequena povoação de Challapampa há alojamentos rudimentares e algumas lojinhas para compras de última hora. Tudo aqui é organizado e gerido pelos povos locais. Enquanto ohamos minuciosamente para o mapa e programamos a subida, visitamos um pequeno museu, onde se encontram peças resgatadas ao redor da ilha.
Conforme começamos a subir, o azul do lago ganho outra tonalidade. Não fossem os graus perto de zero e diria que estávamos lá prós lados do Caribe, tal era a paisagem que se abria diante de nós.
Ao longo do caminho as pessoas parecem indiferentes à nossa passagem. Os caminhos estão impecavelmente limpos. Afinal, as povoações vivem da pouca agricultura e do turismo, dos viajantes que vêm até estas paragens.
Sejam quais forem os motivos da visita, é impossível que esta ilha não fique gravada no espírito do viajante. Afinal, reza a lenda, que aqui, no meio deste “mar” azul, nasceu a civilização Inca. E só por isso vale a pena vir até cá.
O azul continua magnífico e ao longe vêem-se os cumes nevados da cordilheira.
Ao longo do percurso, entre o norte e o sul, existem diversas zonas arqueológicas, sendo que aquela que mais viajantes atrai e maior importância tem é a chamada “Rocha Sagrada”, ou rocha das origens.
Reza a história que foi daqui que saíram Manco Cápac e Mama Ocllo para fundar a cidade de Cuzco.
Juntamos as pedras uma a uma, do montículo de pedras alinhado nasce uma apacheta. Olhamos ao redor e imitamos os costumes incas ancestrais. Pedimos um desejo à Mãe-Terra, à nossa Pachamama.
As apachetas lá vão parecendo na berma dos caminhos. Estes amontoados de pedras serviam, nos tempos de outrora para marcar os caminhos nas montanhas ou como oderendas à Pachamama. A paisagem continua deslumbrante, agora é o azul do céu e do lago a contrasta com os picos nevados dos Andes.
Chegámos a meio da tarde à zona sul da ilha. Descemos as “Escalinatas de Yumani” que nos levou diretamente ao porto. Enquanto descemos começamos a distinguir as pessoas que se avolumam no pequeno porto. Há alguns turistas e locais que esperam pelos barcos de regresso a Copacabana. Pelas mochilas e pelas roupas desportivas, mesmo ao longe, facilmente se distinguem os locais do turistas.
As vistas panorâmicas do sul da ilha permitem-nos ter uma perspectiva diferente. Vê-se ao longe a Isla de la Luna. Vai ter de ficar para outro dia, numa outra viagem… contudo, ficamos a saber que também chamada de “Coati”, a ilha da lua é a segunda ilha sagrada dos Incas. Conta-se que aqui se situava a Casa de las Escogidas Vírgenes del Sol, onde raparigas jovens aprendiam vários ofícios e donde saíam as concubinas do Inca.
Escolhemos o barco e negociamos o preço. É hora de saída.
Mais informações de viagem sobre a Isla del Sol
É importante ter em conta que cada pequena aldeia da Ilha cobra uma “taxa de visita”, convertido para euros não pagará mais do que um par de euros no conjunto das diversas aldeias. Nós, como muitos que por alí passam, não fomos informados das taxas. Por isso vá prevenido com trocos, é difícil terem troco para notas grandes de Bolivianos. Pelo que nos explicaram, as taxas cobradas são em favor da comunidade e para a preservação do local.
Os barcos para a Isla del Sol saem de Copacabana duas vezes por dia. O bilhete pode ser comprado no próprio cais e custa 20 ou 25 bolivianos, dependendo da negociação e do lado da ilha em que você pretende descer (Norte ou Sul);
A ilha é dividida em lado Norte e Sul e em pequenos vilarejos. O lado Sul é o mais próximo de Copacabana e oferece mais opções de hospedagens. Mas para conhecer toda a ilha é interessante descer primeiro no lado Norte, conhecer os sítios arqueológicos desse lado e ir caminhando até o Sul. O trajeto de barco de Copacabana até o lado Norte dura 2 horas.
Na parte norte da ilha, normalmente, os turistas são recebidos por um local que oferece um tour guiado pelos sítios arqueológicos e depois indica o caminho da trilha para o lado Sul. São bastante acessíveis os tour e os guias são habitantes locais.
Somos uma família apaixonada… apaixonada pelo mundo e pelas viagens, sejam elas curtas ou longas. Mas a maior das viagem começou há pouco, quando à equipa se juntou o pequeno Simão. Durante uma parte do ano vestimos as capas de dois burocratas do funcionalismo público, na outra, metemos a mochila às costas, pegamos no Simão, e vamos por aí… ver com outros olhos, conhecer o mundo, conhecendo-nos cada vez mais a nós próprios. Adoramos grandes aventuras por lugares longínquos, mas também gostamos de pegar no carro e andar por aí, sem destino. E porque a viagem não acaba nunca, como dizia Saramago, depois da viagem passamos tudo para aqui: textos, fotos, vivência, enfim… a nossa viagem! Um pouco de tudo num blog que é da Guarda para o mundo! Tudo sobre nós >>>
Somos uma família apaixonada… apaixonada pelo mundo e pelas viagens, sejam elas curtas ou longas. Mas a maior das viagem começou há pouco, quando à equipa se juntou o pequeno Simão. Durante uma parte do ano vestimos as capas de dois burocratas do funcionalismo público, na outra, metemos a mochila às costas, pegamos no Simão, e vamos por aí… ver com outros olhos, conhecer o mundo, conhecendo-nos cada vez mais a nós próprios. Adoramos grandes aventuras por lugares longínquos, mas também gostamos de pegar no carro e andar por aí, sem destino. E porque a viagem não acaba nunca, como dizia Saramago, depois da viagem passamos tudo para aqui: textos, fotos, vivência, enfim… a nossa viagem! Um pouco de tudo num blog que é da Guarda para o mundo! Tudo sobre nós >>>