Já não temos posição no banco do desconfortável autocarro. Depois de assistirmos a uma demonstração de produtos cosméticos, em pleno autocarro, e de pararmos para comer, as distrações escasseiam!
Chegamos ao anoitecer a Jaipur. A viagem de Agra prolongou-se mais do que nos predisseram e sair do emaranhado de ruas estreitas, torcidas de Agra revelou-se uma odisseia homérica!
O hostel em Jaipur é um oásis que nos permite confortar o estômago e corpo. Antes de dormir ainda conseguimos ser abordados por Charouk, um guia que nos promete deslumbrar, desde o seu riquexó, com maravilhas da cidade dos marajás. Assim, iremos dormir com a certeza que amanhã a cidade será nossa.
Há muitas histórias sobre a cidade cor de rosa. Todas envolvem o amor, o glamour e a paixão oriental. A história que Charouk nos conta, enquanto atravessamos a ‘porta nova’ da cidade, tem todos estes ingredientes e uma bela donzela ocidental a quem o marajá prometera pintar a cidade de cor de rosa.
Para o nosso guia, esta é a história mais verosímil e a única verdadeira. Contudo, reza a História que Sawai Ram Singh mandou pintar a cidade de cor de rosa por altura da visita de Eduardo, Príncipe de Gales, em 1876. Desde então os traços desta arquitetura única têm sido mantidos, criando um ambiente acolhedor e um deleite visual.
Começamos pelo Amber Fort e deixamos que a aproximação gradual nos vá inebriando com a sua opulência. As suas cores rosadas, quase telúricas, remetem-nos a imaginação para o tempo dos marajás e da sua corte passeando no dorso de um elefante.
O percurso íngreme, quase nos leva o fôlego, mas não turva a visão dos jardins que rodeiam o forte, dos pormenores de arquitetura que pulula em todos os cantos, onde os nossos olhos se demoram. Percebemos a rotina do palácio, das muitas mulheres – as marani – do marajá, que encerradas num mundo delas, apenas se mostram ao marido, com todo esplendor e beleza. As lutas da sucessão, que recairá sobre o filho preferido, marcavam o quotidiano e influenciaram toda a história da sociedade. Hoje estas famílias reais ainda habitam parte dos palácios, onde vivem sumptuosamente. Embora desprovidos de poderes são admirados pela população, conseguindo grandes ganhos patrimoniais na gestão do seu património e do turismo.
Charouk conduz-nos até a uns túmulos, poucos conhecidos dos turistas onde reina a calma e paz e onde, sozinhos, podemos apreciar o trabalho marmóreo e intrincado na pedra, produto da tradicional arte indiana.
Finalmente entramos no City Palace. Enquanto percorremos corredores forrados a tecidos nobres, bem vigilados por um conjunto de guardas cuidadosamente trajados com os seus tradicionais turbantes de cores fortes, podemos comprovar a verdadeira riqueza e opulência do império do marajá.
Mal temos tempo de comer. Devorámos à pressa um gelado, antes de atravessar a rua e entrarmos Jantar Mantal.
Jantar Mantal é um daqueles espaços que nos deixa de boca aberta. Um gigantesco observatório astrológico ao ar livre que nos permite conceber a composição do universo, muito antes era tecnológica. O marajá Jai Singh II era um amante da ciência, um matemático que, com a criação deste espaço, pretendia compilar tabelas astronómicas e para prever os tempos e os movimentos do Sol, da Lua e dos planetas.
Antes de voltar a embarcar na próxima viagem ainda percorremos a zona comercial e tentamos negociar umas mantas típicas e já com elas debaixo do braço não deixamos de ter a sensação de nos devíamos ter esforçado mais e regateado mais uns segundos.
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[…] 9 – Jaipur, no reino dos Marajás […]