Olho para ele de soslaio evitando a sua mirada, esquivo-me das várias tentativas que faz para me vender uma “pulseira da sorte”.
De repente, ambos os olhares se cruzam. Tinha uns olhos negros, dentes luzidios, lábios carnudos e uma tez mais do que gasta, queimada pelo sol. Pergunta-me, num inglês quase imperceptível, de onde eu era. Respondo-lhe que era português. Esboçou um sorriso, ergueu o olhar e disse: Welcome Home, my friend!
Aquelas palavras ecoavam no meu pensamento enquanto percorria o que restava da “Famosa”. Observo as dezenas de chineses que de plantão tiram fotos diante da Porta de Santiago. Detenho-me lendo a sinalética, que em inglês, explica que a Porta de Santiago, foi uma das quatro portas de entrada para a fortaleza portuguesa “a Famosa”.
A armada portuguesa, liderada por Afonso de Albuquerque, conquista Malaca em 1511 e de imediato constrói o forte de que, hoje, apenas resta a Porta de Santiago.
Reza a história que os portugueses usaram as pedras sagradas dos mausoléus e mesquitas muçulmanas, em conjunto com o trabalho escravo, para construir um forte, cujas paredes laterais atingiam os três metros de altura.
Albuquerque acreditava que Malaca seria a o porto de ligação entre o comércio de especiarias chinesas e a Europa, por isso, apressou-se a estabelecer defesas em torno de Malaca.



O forte resistiu durante mais de um Século, até ter sucumbido, em 1641, ao poderio da Companhia Holandesa das Índias Orientais.
Conta-se que no Séc. XIX, Sir Raffles, o fundador de Singapura, por amor à História, impede a destruição total da “Famosa”, deixando como marco, a “Porta de Santiago”.



No alto da penha ergue-se a Igreja de S. Paulo. Deparo-me com um grupo de músicos de rua que alegram os turistas naquela que outrora acolheu, ainda que temporariamente, os restos mortais do Missionário do Oriente: São Francisco Xavier.
Passo algum tempo a ler às várias inscrições gravadas singelamente nas várias pedras que ladeiam a Igreja. Lembram homens honrados, prestam homenagem a senhores, lembram vitórias e tempos de glória! Apresso o passo, cai a tarde e ainda quero beber uma cerveja fresca, olhando o mar rodeado daqueles que orgulhosamente dizem: sou português!!!!



Gostei muito de ler a sua página e o que escreveu acerca de malaca, dos portugueses de lá, particularmente sobre o sr. Pedro de Silva, pessoa que admiro muito e com quem falo sempre que lá vou. Sou professora de Português em Kuala Lumpur, numa universidade, e estou também ligada aos projectos de Malaca e à Associação Cultural Coração em Malaca, de que a Cátia (está agora a apoiar a população do bairro, em termos de língua, cultural, etc) já lhe deve ter falado. Todos juntos, poderemos fazer ainda muito melhor. Sabia que, entretanto, o sr. Noel Felix está em Portugal? A Cátia lhe terá explicado tudo, espero, Cumprimentos. Cristiana