Carreira da Índia
Crónicas de uma aventura pela Índia, contada a dois, por Sérgio Lopes e Sandra Saraiva
É verdade que Nova Deli não é a Índia, mas é sem dúvida a porta de entrada para milhares de viajantes que a descobrem e se emaranham nas suas ruas e becos caóticos, onde frenéticos riquexós buzinam num constante zumbido que nos envolve e atordoa. Fomos assim acolhidos no nosso novo mundo.
Para nós o impacto foi um pouco diferente e amortecido pelo conforto de dois sorrisos amigos e da nossa língua materna. Depois de uma viagem de 11h de avião e ainda contorcidos pelos desconfortáveis bancos do planador, tínhamos à nossa espera no aeroporto a Inês e o Gullu. Eles foram os nossos guias nestes primeiros dias, apresentaram-nos a Índia e mostraram-nos Nova Deli.
Conhecemos a Inês em Macau, quando por lá andámos, em 2009. Atualmente vive e trabalha em Nova Deli, na ONU, enquanto o Gullu é indiano, de Bombaim, más há anos que vive em Deli.
Como grande parte das grandes metrópoles do globo, também Nova Deli é uma mistura. Uma mistura de restos de impérios, de pessoas, de culturas e de religiões. Isto tudo misturado só pode dar muita confusão. Por mais que queiramos, é impossível passar-lhe ao lado. Só é necessário uma coisa: sair do aeroporto.
Mas a confusão tomou forma quando o Gullu nos conduziu à rua onde iriamos ficar alojados, o Main Bazaar. Num ápice, o calor que se fazia sentir, o cansaço e o jet lag desapareceram. Despertaram todos os sentidos, mas acima de tudo, os olhos não paravam. Eram demasiadas pessoas e veículos, demasiadas cores e cheiros.
Esta é uma das principais artérias do centro da cidade e sem dúvida uma das ruas mais caóticas onde já havíamos estado (nesta altura ainda não tínhamos estado em Chandni Chowk e Varanasi), mas acima de tudo é uma zona com alojamentos baratos e fica perto, muito perto, da principal estação de comboios.



A primeira vaca caminhava pachorrentamente à nossa frente indiferente a tudo ao seu redor. Foi fácil descobrir o nosso hotel, para de imediato nos arrependermos da escolha feita através da internet, dezenas de outros alinhavam-se na rua, com um aspeto mais “clean” que o nosso que estava coberto de andaimes e de pó.
Foi o tempo de tomar um banho e passados alguns minutos estávamos no metro e prontos para as primeiras horas, entregues à querida Inês que assumimos desde logo como a nossa guia.
Para além da sensação de estar num formigueiro gigante em que somos levados por milhares de pessoas, o metro de Nova Deli é acolhedor. Recentemente construído, orgulha a única cidade da Índia que o possui e introduz na vida quotidiana dos indianos uma dinâmica nova de movimento.
Depois de um passeio por Haus Khas, jardim que circunda o antigo reservatório real, mandado construir no Séc. XIII, por Allauddin Khilji, reconfortamos o estomago e a mente na primeira comida típica, num restaurante acolhedor e de ótima comida vegetariana do sul da India. Haus Khas Village é agora uma espécie de enclave para artistas e ateliers, com um ar moderno e cheio de vida, é o local perfeito para terminar o primeiro dia.



No regresso descobrimos que a Main Bazaar pode ser ainda pior quando a confusão a abandona e o escuro cai sobre ela. Dezenas de pessoas vagueiam ainda nas ruas, algumas dispostas a conduzir-nos de riquexós, outras olham-nos desconfiadas, enquanto nós, que pensávamos estar perdidos, respiramos de alívio ao ver ao longe a placa do Hotel.
Acompanhem os nosso passos em:
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