Café noire, sumo de laranja, pão marroquino, doces, queijo e… azeitonas. Do recanto de uma explanada na praça central, víamos a azáfama crescer, à medida que o sol subia até ao zénite. Foi assim pequeno-almoço em Ouarzazate.
Agora, no entanto, já seguimos a famosa rota das caravanas que levam até ao Médio Atlas.

Chamam-lhe o vale das mil kasbahs. O vale do Dadés, que atravessamos, faz-nos sentir em Marrocos. Agora, sim… São dezenas as construção de argila vermelha que se vão sucedendo ao longo da estrada. Os oásis que abundam ao longo do curso do rio transformam a melancolia e aridez da paisagem numa sinfonia a duas vozes: vermelho e verde.
Chegamos, por fim, a Skoura, 40 km a oeste de Ouarzazate. A palmeraie é gigante. Apetece-nos explorá-la, ver como vivem os seus habitantes.



Saímos da estrada principal em direcção ao centro da vila. Hoje é dia de Souk. Procuramos um guia e, rapidamente, encontramos Mohammed. Mohammed é berbere e enverga a rigor o seu turbante e djellaba. Conta-nos que vive, grande parte do tempo, no deserto. No Verão foge das temperaturas escaldantes do Sahara e vem para Skoura vender artesanato e guiar turistas.
A parte mais interessante do Oásis fica a alguns kms. Somos 5 no carro, com o Mohammed, seis. Garante-nos que não há problema. Ainda não tínhamos sequer sentido o calor do assento quando somos mandados parar pela polícia. Depois de uma troca de palavras entre o Mohammed e a polícia, lá seguimos viagem. Afinal, segundo o Mohammed, apenas queriam ver as raparigas. Que mulherengo!



O oásis é mesmo um… oásis, com palmeiras e tudo! As enxurradas do último inverno deixaram um rasto perceptível e a ponte de acesso está em reparação. A colheita das tâmaras aproxima-se e elas, luzidias, sobressaem no meio da vegetação. Diz-nos Mohammed que em Marrocos existem cerca de 25 espécies diferentes de tâmaras. Quando demos por ela, já estava ele a subir a uma palmeira e a colher os frutos. Bem, comer tâmaras acabadas de colher, no meio de um oásis em Marrocos é uma experiência para recordar. O repasto foi acompanhado de muitas romãs e uvas.



O rio que serve o oásis está quase seco, mas nota-se a longa cama que o acolhe na época das chuvas. Sim, porque aqui, mesmo à porta do deserto também chove. O que resta da água é direccionada através de inúmeros canais artesanais que se estendem ao longo de toda a área cultivada. Cabe ao chefe da aldeia gerir a água e controlar a abertura dos canais.



Ao logo do passeio, cruza-mo-nos com várias pessoas, que vindas do mercado, mulas carregadas, nos acenam em gesto de simpatia.
De regresso ao centro de Skoura, Mohammed tenta fazer negócio. Em vão…
Seguimos viagem pelo encantado vale do Dadés até Boumalne, Tinerhir e por fim a famosa garganta de Todra – Todra Gorge.