Há os lugares que levamos planeados e aqueles que, sorrateiramente, nos aparecem pela frente assim de chofre. Foi mais ou menos assim com este trilho. Acabávamos de fazer check-out no Monte Prado Hotel & Spa, em Melgaço, quando alguém pergunta na receção onde começava o passadiço que se estendia ao longo do rio Minho. Bem, como não perdemos a oportunidade de calçar as botas e alinhar numa bela caminhada, lá se foram os planos de rumar ainda cedo a Castro Laboreiro.



Recolhidas as indicações necessárias, seguimos de carro até a uma pequena zona de lazer, onde se inicia o passadiço. Ainda mal havíamos estacionado e já um casal de caminhantes nos oferecia bolo, fazendo jús a típica hospitalidade da gente nortenha.



Melgaço, um destino verde e radical
Há um lugar, lá onde começa Portugal, onde o Rio Minho corre apressado em direção ao Mar. Um lugar onde o verde é a cor principal e tudo pinta. Estamos no Alto Minho, e hoje o nosso trilho leva-nos até Melgaço. Querem vir connosco? Não há melhor opção para um fim de semana prolongado que […]
Com o Simão devidamente “ acondicionado” no carrinho, e com o cantar das águas do rio por companhia, o percurso é feito em passo lento. Às vezes em passo muito lento, lá fomos avançando entre bosques de carvalho, urze e pinho. O passadiço rasga a vegetação e sulca as pedras graníticas que se amontoam na encosta.



Apesar da parte mais acessível e talvez mais bonita serem os 1,5 kms de passadiço que corre paralelo ao Rio Minho, através de uma antiga levada desativada, o percurso total tem, no total, cerca de 5,7 km. É um percurso linear que começa no centro da Vila de Melgaço e termina nas Termas do Peso.



Seguimos o passadiço tendo sempre por companhia o Rio Minho, que indiferente a tudo, lá corre tranquilo, desde a Serra de Meira, na Galiza, onde nasce até à foz, em Caminha.
Aqueles que quiserem prolongar o percurso podem sempre aproximar-se do rio, fazendo um desvio pelos vários estradões que seguem até à margem, e quem sabe em dias mais quentes aproveitar um pouco da frescura desta água. A descer como já sabemos todos os santos ajudam, mas a subir como contamos apenas connosco, optámos por não correr o risco, afinal o Simão pesa já o suficiente para tornar penosas as subidas de terra batida, recententemente visitadas por uma chuva primaveril e inesperada.



É um início de tarde de primavera, a densa manta carvalhos convence-nos que o sol forte de dias mais quentes será amenizado pelo crivo natural da sua folhagem. Este será um percurso a fazer o ano inteiro, mas no outono podemos aproveitando as matizes de tons acastanhados em caducas folhas esvoaçantes .



Ao longo do percurso, e se nos fixarmos lá em baixo no rio, podemos apreciar as pesqueiras construídas ao longo do seu curso e que constituem hoje um legado histórico de construções populares. As pesqueiras são habilidosos sistemas de muros construídos a partir das margens, criando barreiras à passagem do peixe, que se via assim obrigado a fugir pelas pequenas aberturas onde é apanhado em engenhosas armadilhas!



No final do passadiço, a levada segue paralela a um dos afluentes do Rio Minho. A água aqui corre mais forte, e o bosque cerrado de loureiros dá um ar bucólico à cena.
Terminamos ao pé de uma azenha, já abandonada, e cansada de tanta farinha moer. Agora havia que fazer o percurso inverso e rever a paisagem em jeito melancólico de despedida desejando voltar brevemente.



Informações gerais sobre o Trilho Pedestre
«Percursos Marginais do Rio»
«Percursos Marginais do Rio»
Informação técnica:
- Nome do percurso: Percursos Marginais do Rio
- Localização do percurso: Melgaço
- Tipo de percurso: Linear / Pequena Rota
- Ponto de partida: Alameda Inês Negra (vila de Melgaço)
- Distância percorrida: 5,7 Km
- Duração do percurso: 1h30m
- Grau de dificuldade: Baixo
- Aconselhável a crianças e bebés? Com crianças, todo o percurso. Com bebés apenas a zona do passadiço.



Melgaço, um destino verde e radical
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Galeria de Fotografias – Percursos marginais do Rio Minho (Clicar para abrir)
Nota: esta caminhada realizou-se em junho de 2019, por ocasiºao do evento Pegada Verde. Inicialmente, este artigo foi publicado no 6.º número da Revista “Raízes Mag”. O artigo pode ser descarregado aqui e a Loja da Revista Raízes Mag estão todas as edições da publicação, é só ir a https://gumroad.com/raizesmag