Contam as gentes de Sátão que por estas bandas, aqui, debaixo deste monte, existe um casarão de ouro ou um sino, também ele desse material invejado. Mas, vejam lá, reza a história, que de tão bonito que é, e localizado que está, nos dias solarengos, daqui se conseguia ver Lisboa. Não fosse a Estrela a tapar-nos a visão…
Não viemos à procura do casarão de ouro, não viemos “tirar a prova dos nove” e ver se daqui se enxerga Lisboa. Aproveitámos o facto de haver mais umas “caches” na região para metermos o pé na estrada, ou melhor, no caminho.



Há anos que não sentia as pedras brancas a deslizar por baixo do pé. A Serra do Seixo, este enorme manto verde, está levemente coberta de, adivinhem lá, seixos brancos. Albas pedras que dão um toque esbranquiçado à paisagem. De tão branco é e tal carinho lhe têm as gentes daqui, que recordo, nos tempos de catraio, lhe chamavam “o penedinho branco”.
A subida ao monte, deixando a fonte do seixo cá em baixo, faz-se entre gigantes cedros que ladeiam o caminho. Em 15 minutos estamos lá em cima a 700m de altitude, no meio de um emaranhado de pinheiros. Ali, ergue-se o posto de vigia, agora abandonado e deitado às amarguras do tempo.



Os Pinus pinaster, essa espécie abundante por estes lados, deixam fugir as primeiras Processionárias. Sim, essas lagartinhas que vemos em fila indiana (em procissão) e que marcam o início da primavera. Hoje em dia, deixaram de ser motivo de brincadeira e as gigantescas colónias de processionárias dizimam pinhais inteiros, a ponto de serem uma ameaça à silvicultura desregrada deste país.
Estamos de volta à berma da N229 que liga Viseu a S. J. da Pesqueira, passando por Sátão e S. M de Vila Boa 🙂



Do lado oposto à fonte do seixo, e já na reta final da nossa caminhada, encontramos a casa florestal (casa do guarda). Atualmente, este magnífico edifício encontra-se completamente degradado. Mas pior, alguém (mais do que um), inconsciente e sem quaisquer escrúpulos, pensou que isto era uma lixeira e tratou de entregar à natureza o que já não queria lá por casa: sofás, entulho, brinquedos, e outros lixos domésticos. Enfim, uma forma triste de terminar este agradável passeio…

Às vezes, ficamos a pensar onde andam as autoridades policiais. Afinal, um crime contra a natureza é um crime contra todos nós, contra os nosso filhos. Sem um planeta equilibrado e sustentável de que servirá tudo o resto?