A 8 de janeiro de 2009, a Costa Rica tremeu. Tremeu de tal forma que o sismo foi considerado o mais grave da região nos últimos 100 anos.
O epicentro foi numa área turística ao norte da capital, San José, perto do vulcão Poás, mas a aldeia mais afetada foi Cinchona.
As casas foram arrancadas dos solos, a chuva e o lodo tornaram quase impossível o socorro às milhares de pessoas vítimas do infortúnio. Mas de 500 pessoas, incluindo centenas de turistas tiveram de ser resgatadas de helicóptero. Depois das contas feitas, quase 40 pessoas morreram e mais de 60 desapareceram debaixo dos aluimentos de terras. Cinchona desapareceu.
Com o terramoto que devastou a comunidade de Cinchona, muitas famílias foram obrigadas a mudarem-se para outras localidades vizinhas. Contudo, algumas famílias não se renderam. Com coragem meteram mãos à obra e organizaram-se. Procuraram o apoio do governo e da sociedade civil e criaram a Nueva Cinchona, uma espécie de Fénix renascida da lama.
O governo concedeu-lhe um terreno com condições para a construção de casas. Através da solidariedade do povo costaricense e muito trabalho, estas famílias conseguiram reerguer-se e criar uma nova comunidade.



A caminho do Vulcão Arenal, passamos pela zona fustigada pelo terramoto, mas também pelo povo novo nascido depois da tragédia: Nueva Cinchona. As casas são todas iguais, alinhadas lado a lado. Até o viajante mais desatento sente ainda no ar o sentimento misto da tragédia e da esperança. Para aqui se transladaram mais de 100 família que viram as suas casas desaparecer debaixo do capricho da natureza.
Das pessoas com quem falámos na zona, poucas foram as que não conheciam alguém que, tragicamente, tivesse vítima do terramoto. Nenhuma falava sobre o assunto sem que lhe tremesse a voz.
Ali, em Nuena Cinchona vimos uma placa que anunciava “Laguna Hule”. Olhámos um para o outro. Não foi necessário dizer mais nada. Subimos entre cascalho, com o Jipe a fazer valer o 4×4. Deve ser já ali, pensámos. Foram 6 intermináveis kms com o jipe a balouçar no entre o cascalho e o caminho esburacado.
De tudo o que havíamos lido, e do pouco que já conversáramos, quase como numa profecia, sabíamos que as estradas da Costa Rica eram motivo de queixas devido ao seu estado lamentável. Mas, graças ao nosso Terius, alcançamos o lago ambicionado.
A paisagem é fantástica. Ficámos uns minutos no silêncio a observar a lagoa. Situada na base do Vulcão Congo, é uma zona muito rica em biodiversidade e está rodeada de um verde luxuriante, o Bosque Alegre.



Ao pé da Lagoa encontrámos um “tico” simpático que nos faz uma visita guiada pelas redondezas e pela quinta que herdou dos seus pais. Diz-nos que a lagoa também sofreu com o terramoto. Do lado esquerdo fortes aluimentos arrastaram a vegetação até à água. Os vestígios desse tempo facilmente se reconhecem no lado esquerdo da foto.
Sendo certo que iríamos regressar por onde viemos, fizemo-nos à estrada e voltámos ao cascalho e aos solavancos.
Continuamos na senda dos vulcões, desta vez espera-nos o Vulcão Arenal!