O sol tem um poder incrível, não só nas plantas e nos “passarinhos”, mas também nas pessoas. As pessoas deambulavam na rua com sorrisos fixados nos lábios, mas eu podia sentir as gargalhadas que desejavam soltar mas que pressão social teima em manter aprisionadas.
As “Serres Royales de Laeken” ou como quem diz as «estufas reais » em bom português, só estão abertas um curto período por ano, normalmente três semanas entre o final de Abril e início de Maio.
Poderia ter vindo à noite, dizem que é deveras especial. Sabem, quando as flores estão a dormir – é que elas também dormem, ou pensamos nós que sim – elas tornam-se especiais, abraçadas pelos anjos, as suas cores tornam-se mais meigas, quando elas pousam a cabeça na almofada, ou serão as pétalas? Enfim.
As estufas reais são um verdadeiro universo paralelo plantado na agitada vida de Bruxelas, principalmente numa cidade que teima em ser cinzenta e fria grande parte do ano, até que… chega a primavera…
É difícil encontrar sítios como este dentro das grandes metrópoles (sim, claro, temos sempre Londres).
Mas “não havendo bela sem senão”, também aqui, é apesar de ser um mar de flores, nem tudo são rosas. Sinto-me feliz por poder emaranhar-me neste universo de cores e de cheiros, mas infelizmente só uma vez por ano. Se os “súbditos” de “sua majestade”, por obra e graça de “sua realeza” podem descobrir os encantos destes recantos durante 2 semanas, os desocupados reis e improdutivos “reis” beneficiam deles o ano inteiro, guardado a sete chaves, impenetrável… Os imensos hectares estão aqui, à minha frente… palavras para quê?