Começamos o dia manhã bem cedo. Contudo, a cidade parece já ter acordado e está bem viva. Os ritmos aqui são diferentes. A gente acorda mais cedo. A esta hora Portugal ainda dorme.
Atravessamos a longa avenida Múzem Kut e, quase sem se dar conta, entramos no antigo bairro judeu de Pest.
À entrada do bairro ergue-se imponente a grande Sinagoga. A perseguição e ostracização a que a comunidade judaica foi sujeita durante séculos, e com mais atrocidade durante a segunda guerra mundial, estão bem marcadas aqui, nas paredes da sinagoga.
A entrada nesta “igreja” judaica só é possível através de uma visita guiada. Há três opções à escolha. Optamos por aquela que nos parece mais interessante: visita à sinagoga, museu judaico e jardim memorial. Paga-se 1900 florins, cerca de 6,5€.
Sou obrigado a cobrir a cabeça com Kippah, uma tradição que perdura desde o tempo dos romanos. Agora, para a visita, homens e mulheres, entramos todos na grande sinagoga pela mesma porta, sentamo-nos no mesmo banco e circulamos pelos mesmos espaços. Mas nas celebrações normais, tal não se passa. Mulheres e homens têm papéis distintos na tradição judaica e consequentemente, na sinagoga, sentam-se em locais diferentes. A tradição parece remontar aos tempos do Templo de Jerusalém. Já há altura, não no interior, mas no pátio exterior, havia um local para os homens e um local para as mulheres… é a tradição, assim mesmo.
A sinagoga Dohány é gigantesca e uma miscelânea de estilos. Podemos encontrar desde os arcos mouriscos às cores carregadas do estilo bizantino.
Sentados, enquanto o guia num espanhol com um sotaque estranhíssimo contava os vários usos e as peripécias a que a sinagoga foi sujeita ao longo dos séculos. Paro por uns instantes na frase que adorna a parte principal da sinagoga, caprichosamente orientada em direção a Jerusalém. Deus está em todo a vida do povo hebraico e esta inscrição é sinónimo disso: “desde o nascer ao pôr do sol, seja glorificado o nome do senho”…
Saindo da sinagoga, atravessamos um corredor estreito que nos leva até ao memorial, onde se evoca a memória de todos aqueles que perderam a vida nessa página sangrenta da nossa história.
O guia continua. No final de dez de 1944, os nazis usam a sinagoga como cavalariças, e no segundo piso instalam um centro de comunicações. Nas traseiras, encerram cerca de 80 mil judeus, no Ghetto, até meados de janeiro de 45. A 18 de janeiro de 45, o exército soviético entra em Budapest, encontra a sinagoga quase totalmente destruída e à sua volta centenas de judeus mortos. A solução foi abrir valas comuns. Esta é ainda uma das memórias mais vivas entre os habitantes e aquela que mais dor causa.
O regime soviético, que se instalou no pós-guerra não patrocinou a reconstrução da sinagoga e só em 1990 é que o governo húngaro patrocinou com cerca de 90% dos 10 milhões de dólares a reconstrução. Os restantes 10% foram doados por fundações e por individualidades. Os membros que participaram na reconstrução com donativos receberam um lugar cativo na sinagoga, os bancos identificados com o seu nome.
Hoje em dia a sinagoga é multifuncional. É utilizada quer como museu, que como local de celebração das diversas festividades hebraicas.
Saímos pela porta principal, quando às filas da manhã já se haviam dissipado. O bairro judeu continua para norte. Existem 22 sinagogas em Budapest e aqui vivem cerca de 60 mil judeus, dos 80 mil que vivem na Hungria.



Budapest sempre foi reconhecida pela sua cultura de tolerância desde os tempos imemoriais para com os judeus. É esta a imagem que quero levar, a imagem de uma cidade moderna, democrática, livre e tolerante que apesar da sua história sangrenta no sec.xx, não deixará de mostrar ao mundo as virtudes da diversidade.
Opening Hours for Tourist Visits
2 November 2011 – 28 February 2012
Sunday – Thursday: 10 a.m. – 3:30 p.m.
Friday: 10 a.m. – 1:30 p.m.
Saturday: closed
1 March 2012 – 31 October 2012
Sunday – Thursday: 10 a.m. – 5:30 p.m.
Saturday: closed
1 March 2012 – 26 March 2012
Friday: 10 a.m. – 3:30 p.m.
27 March 2012 – 31 October 2012
Friday: 10 a.m. – 4:30 p.m.
Tour Prices: http://www.greatsynagogue.hu/jewishquartertours.html#2
Everything about the visits can be found here: http://www.greatsynagogue.hu/gallery_syn.html#4
Adress: Dohány utca 2-8. in district VII., at an angle to Károly körút, between Deák tér and Astoria
Tel: +36 1 317 2754
Public transport
– take subway M1 (yellow) / M2 (red) / M3 (blue) to Deák tér station, then walk on Károly körút towards Astoria.
– take subway M2, tram 47, 49 or bus 7, 78 to Astoria station, then walk on Károly körút towards Deák tér.
– the Dohany Synagogue is at walking distance from the downtown hotels and the famous pedestrian shopping street called Váci utca.
[…] Quem sou? Flickr Twitter Facebook RSS Feed ← Fisherman’s Bastion (Halászbástya) – Budapest A grande Sinagoga de Budapest (Dohány) → […]
Realmente é interessante reviver uma cidade que conheci há cerca de 13 anos atrás, mas debaixo de neve e com temperaturas na casa dos 8º negativos. Ver este sol radioso não deixa de ser curioso para mim. No entanto, e em qualquer caso, sempre uma cidade bela e cativante, plena de história e beleza natural.
Saudações!