Tínhamos lido algures que havia duas soluções para trocar dinheiro na Argentina: vais a uma casa de câmbio oficial ou espera que o câmbio venha até ti, na rua!
Sentíamos-nos uma espécie de criminosos. A negociar, ali, na rua . Olhámos um para o outro. Negociámos a taxa de câmbio, examinámos as notas de cima a baixo e lá metemos os pesos no bolso.



A taxa oficial de câmbio, estabelecida pelo Governo argentino, ronda os 7,5 pesos argentinos por cada dólar. No mercado negro (sim, sim, no mercado negro) facilmente conseguimos taxas à volta do 10 pesos ou mesmo 11 pesos por cada dolar. É a “blue rate”.
Já prevenidos, além dos euros que levávamos da Europa, aproveitámos a paragem em Miami para levantar o máximo possível de dólares. E foi ver o ATM no aeroporto a cuspir notas até não poder mais 🙂
Mas o problema foi em Buenos Aires. Não sei se o jet lag, as noites mal dormidas ou o guia da Lonely Planet, a verdade é que as famosas ruas onde se troca o dinheiro não queriam aparecer.
Bem, mas por fim, ali à mão de semear, lá estavam eles: Câmbio!Câmbio! Casa de Câmbio. Euro, Dólar! – Gritavam.
Depois, abordou-nos na rua, como tantos outros. Chamam-lhe cantar o câmbio. Existem centenas de pessoas a “cantar” entre as ruas de Florida e Lavalle, no centro de Buenos Aires.



A taxa (Blue Rate) é melhor em Buenos Aires que no sul, na Patagónia. No Sul exploram os turistas, diz-nos um “cambista”, na penumbra, do outro lado do balcão do café transformado em casa de câmbio ilegal. Como vamos para sul, aproveitámos e trocámos quase o dinheiro todo. Passámos as mãos pelos pesos argentinos.
Viemos a descobrir que quase toda a gente troca dinheiro, em Buenos Aires.
Muitos supermercados e restaurantes aceitam dólares como forma de pagamento e, a maior parte das vezes, a taxas bastante vantajosas.
Mas afinal, porque é que existe tamanha diferença entre a taxa oficial e a blue rate? A Argentina está a braços com uma grande crise inflacionista, inflação que facilmente pode chegar ao 20% ao ano. Com esta impressionante desvalorização diária da moeda é normal que exista uma corrida a moedas mais fortes e mais estáveis, como forma de reserva. Para agravar a situação o governo Argentino estabeleceu uma quantidade fixa de dolars que cada pessoa pode ter. Estão criadas as condições para o florescimento do mercado negro.
Mas é ilegal trocar dinheiro numa casa de câmbio não oficial, isto é, na rua? É ilegal! Mas existe uma consequência para quem for apanhado? Não me parece, a julgar pela quantidade de gente que negoceia na rua, mesmo nas barbas da polícia. Apesar de ser ilegal o troca de dinheiro na rua, os jornais anunciam alto e bom som a “blue rate” e as suas oscilações.
Claro que nem tudo são rosas. Sim, há espinhos: As NOTAS FALSAS.
Faça as contas e veja se o risco compensa. Por exemplo: se levantar pesos no multibanco 100 dólares serão uns 800 pesos. Na rua, facilmente conseguirá, pelos mesmo 100 dólares, uns 1050 pesos. São mais uns pesos para a sua viagem.
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Resumindo…
- Não levantes dinheiro no ATM, a taxa oficial de câmbio é bastante inferior à praticada na rua.
- Não troques no primeiro cambista que te aparecer pela frente. Procura saber qual a blue rate.
- A taxa de câmbio é melhor para as notas grandes (por.ex. de 100 doláres)
- Examina bem as notas quando efetuares a troca. Verifica as [lightbox full=”https://osmeustrilhos.pt/wp-content/uploads/2014/05/IMG_2073.jpg”]marcas d’água e os números de série.[/lightbox]
- Cuidado com as notas falsas. Não apanhámos nenhuma, mas “que las hay, hay”.
- Se for para outros pontos da Argentina, aproveita para trocar o dinheiro em Buenos Aires.
- Gasta todos os pesos argentinos, NÃO tragas pesos para fora da Argentina. Quase não há país no mundo que os aceite. Por isso, faz bem as contas e livra-te de todos os pesos argentinos antes de saires do país. (Nós descobrimos isso da pior maneira)
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