Ainda que Cusco sirva de ponto de partida para Machu Pichhu, muitos segredos estão cravados ali mesmo ao lado, no Vale Sagrado.



É fácil chegar às imensas ruínas que se estendem pelo vale. Há centenas de agências que oferecem tours pelo vale, e há para todos os gostos, mas vai ver que o percurso não varia muito. Somos acompanhados por um guia certificado, se bem que com o tempo iremos verificando que estes algumas vezes pouco valor acrescentado conferem. Contam histórias, cada um com as suas e com as suas teorias. Preço? Por pessoa um full day, ronda os 25 soles por pessoa (cerca de 6,5€).
Claro, que há quem opte por ir de mote próprio, para tal alugando apenas um táxi. Achamos que não compensa, mas tudo depende do tempo disponível.
Assim lá fomos nós no Full Day, dividido por dois dias, percorrendo o vale sagrado dos Incas, a sua maravilhosa paisagem entrecoratada por vestígios e ruínas, pelos famosos socalcos seculares que cortam montanhas.
1º Dia!
Saímos de Cusco pela sua zona menos nobre. Parece outra cidade, a mesma desorganização, mas mais suja, o reflexo do amontoado de pessoas que se concentras nas bermas das cidades.
Fizemos a primeira paragem em Chinchero, numa espécie de cooperativa. Ensinam-nos a tingir a lã de alpaca, com recurso a minerais e, veja-se lá, cochonilha (não sabem o que é? basta clicar no link e descobrir. Atenção, a vossa vida pode nunca mais voltar a ser a mesma 🙂
Entretanto, bebemos um refrescante chá de muña, uma espécie de menta andina. Dizem ser excelente para estes males de altitude.
Entre caminhos de terra batida e já com o sol a pique chegámos ao local que todos chamam do laboratório agrícola dos incas: Maray.
Estava tudo cor da terra, afinal estamos na época seca, e final de inverno. Mesmo assim, os socalcos distinguem-se com facilidade. Não estamos em nenhum anfiteatro ao estilo greco-romano.
Se é certo que as teorias e os arqueólogos divergem, a teoria mais aceita diz-nos que este fantástico lugar era usado pelo incas para fazer experiências agrícolas. Isso mesmo, experiências agrícolas. O guia diz-nos que aqui foram domesticadas várias espécies de batatas, papas. absorvemos a dica, com algum grau de desconfiança, afinal, eles são mesmo bons contadores de histórias.
Ah, é verdade, parece que não foram os Incas que fizeram este enorme buraco, ele já existia, criado pelo choque de um meteorito com a terra, há muitos milhares de anos.
A disposição dos socalcos produz diferentes temperaturas e microclimas tendo permitido aos incas estudado a forma de adaptação de diversas espécies de plantas a climas, temperaturas e humidades distintas.



Aproveitámos para tirar umas fotos para a posterioridade 🙂
Damos corda aos sapatos e “botamo-nos” à estrada.
De repente, despertando da sonolência provocado pelo embalo das curvas e do sol forte destas altitudes andinas, uma claridade imensa abre-se diante de nós e damos de frente contra 5 mil “poças” de sal.



Lá baixo, as poças alinham-se num caos organizado. Há uns poucos trabalhadores que recolhem o sal que a natureza dá. A água, que jorra não se sabe bem de onde, transporta consigo este “mineral” cobiçado, o Sal.
Estamos nas Salinas de Maras. A extração de sal nas Salineras de Maras – em quechua, diz-se kachi Raqay – perde-se no tempo, remontando à época pré-inca. Há milhares de anos que as poças passam de família em família, de forma hereditária.
Se quiser saber tudo sobre Maras, fizemos um post onde explicamos tudinho:
Voltamos à estrada e regressamos a Cusco.
2º Dia!
O Rio Urubamba serpenteia, por entre a paisagem e acompanha as curvas percorridas, abençoando a viagem.
Do Mirador Taray facilmente se percebe porque é que os Incas escolheram este lugares. O vale fértil contrasta com as montanhas despidas que o rodeiam. Estamos no final do Inverno e a “pachamama” está a descansa. Há um mês no ano em que a terra descansa. Daqui a pouco começam as sementeiras e um novo ciclo de vida.
Depois da típica paragem pelos espaços comerciais que oferecem as mais variadas peças ,supostamente artesanais, chegamos ao sitio arqueológico de Pisaq.
Outrora observatório astronómico, conserva ainda os vestígios da glória passada e que tanto intrigou os primeiros europeus. A apenas 30 quilómetros de Cusco as ruínas, contemporâneas de Machu Picchu, encantam os viajantes. Depois da explicação do guia, seguimos a nossa exploração sozinhos, percorrendo a vista com os olhos e subimos ao topo, onde a vista se torna impressionante.
Não podemos ficar muito mais e está na hora do almoço. Excluímos o almoço que a tour incluía, e que quase somos quase compelidos a aceitar, pois o autocarro para longe do centro e o tempo escasseia, mas no final lá conseguimos almoçar, por um preço incomparavelmente mais barato e ainda temos de esperar pelo resto do grupo.
Por esta hora já sabíamos que a pontualidade não é apanágio destas terras e que a nossa viagem, já encurtada, passaria por uma rápida visita a OLLANTAYTAMBO.
Tínhamos combinado ficar por aqui e apanhar o comboio até Aguas Calientes, só não contávamos ter de correr e ver estas ruínas num sopro, pois o comboio, implacável no preço e na pontualidade não esperaria pelos dois portugueses desgarrados.
Por esta hora enquanto assimilávamos o que vimos e aprendemos focávamos a mente no dia seguinte, que nos levaria à maravilha peruana do mundo.