Hoje deixei a máquina fotográfica em casa e decidi vaguear pela cidade da Guarda apenas com o telemóvel na mão. Fui redescobrir os seus recantos, a estreiteza das suas vielas, a dureza das suas paredes e ficou tudo registado através de uma das aplicações/redes sociais do momento, o Instagram.



Chamam-lhe a cidade dos 5 F’s – Farta, Forte, Fria, Fiel e Formosa. Mas, por mais voltas que dê, não consigo encontrar alguns dos F’s. Alguns dizem que um deles está mal, alguém o alterou o “feia”. Mas eu até gosto desta cidade, não sei porquê. Não nasci aqui, nem sequer cá fui criado! Hão de ser os ares da cidade mais alta do país, este ar puro da Guarda.



Saímos à deriva da Praça Luís de Camões, mas conhecida por aqui pela Praça da Sé. A temperatura amena convidava à saída para a rua e as pessoas responderam em Grande número, pelo menos para o que é habitual.



Ainda é perceptível na frontaria do casario os sinais da opulência e da importância que esta cidade teve outrora. Imagino que muitos dos egitanienses que encontro pelo caminho desconhecem o papel que esta cidade, por estar aqui, na raia, teve noutros tempos. Sim, os EGITANIENSES. É bem verdade que a verdadeira Civitas Igaeditanorum é Idanha-a-Nova, mas quis D.Sancho I e o Povo, que nestas coisas é mestre, que a sede da diocese viesse para a Guarda…
E como as coisas são mesmo assim, aos habitantes da Guarda chamamos Egitanienses, ainda ainda que a egitânia seja Idanha-a-Nova.












No jardim José de Lemos, encontramos uma feirinha para promover jovens criativos da região. Podemos atestar que falta de criatividade não falta.



Por ruas estreitas subimos ao alto da cidada, a cerca de 1000 metros. Daqui vê-se Espanha… mas de lá, dizem, nem bons ventos nem bons casamentos. E assim foi durante décadas! Pelo menos até aparecer a gasolina mais barata e os caramelos já ali, do outro lado da fronteira.



Subimos ao alto do monte, subimos à Torre de Menagem, que bem se vê a Guarda daqui. É preciso subir aqui, se quisermos perceber alguns dos F’s. É FORMOSA, é sim, senhor!



São vielas e mais vielas. É forte esta cidade. Aqui nestas pedras abundam as histórias de Judeus. Por todo lá há sinais da presença desse povo, da sua resistência que lhes garante um lugar privilegiado na História. Atravessamos a judiaria (antigo bairro judeu) como se folheássemos um livro de história. Dizem que aqui a convivência era sã, como em nenhum outro lugar havia.



Chegámos novamente à praça, esse lugar de reencontros e centralizador desta cidade. Desvendo mais uns dos F’s.
Álvaro Gil Cabral,Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares Cabral , dizem que recusou entregar as chaves da cidade ao Rei de Castela durante a crise de 1383-85. Tal era a sua bravura que ainda foi combater os castelhanos na batalha de Aljubarrota e tomar assento nas Cortes de 1385, as mesmas que iriam eleger o Mestre de Avis (D. João I) como Rei de Portugal. Aqui está a fidelidade desta cidade ao reino.



Da rua Direita, logo após da magnífica janela manuelina, viramos à direita no largo da Igreja de São Vicente. Eis-nos chegados ao largo do Torreão, onde continuam a florescer as marcas da religiosidade que marcou a Guarda.



Saímos da zona muralhada da cidade, através das Portas do Sol. Pois é, virada a nascente, esta era uma das principais portas de entrada na cidade.
Falta-nos algo, como diz o poeta, “todo o tempo é de poesia, desde a névoa da manhã, à névoa do outro dia”. E aqui estamos, em frente de um dos maiores ícones da cidade e um dos maiores poetas portugueses: Augusto Gil.









Porque o tempo urge, lançamos amarras ao cais.
Terminamos esta viagem pela Guarda. Descobrimos os seus F’s. Hoje não se sentiu o frio, mas ele virá e com ele virá também o recolhimento. Mas está cidade permanecerá forte, fiel e formosa… já farta, só o tempo o dirá!!!!
Obrigada, pelas belas fotos e por as compartilhares connosco.
Obrigado nós, por nos visitar… espero que tenha gostado!
Aproveito para a convidar a visitar-nos também no facebook em: http://www.facebook.com/osmeustrilhos
Obrigado pelas palavras e pela reportagem tão bem delineada…
Grandes encantos esconde a Guarda…haja tempo, vontade e inteligência em os descobrir…
Bem-haja
Olá Daniel,
Obrigado por ter visitado os Trilhos. Espero que tenha gostado e que possa visitar-nos muitas vezes.
A Guarda tem, sem sombra de dúvida, muitos recantos a explorar e prometemos ir divulgando-os aqui, sempre.
Um abraço,
Sérgio
http://www.facebook.com/osmeustrilhos
Fico extremamente gratificado por saber que esse trabalho incrível é fruto da tenacidade de mostrar a Portugal e ao mundo pedaços da nossa história. Eu que moro no Brasil hà mais de seis décadas e pouco conheço a minha própria aldeia, fico horgulhoso de ser português.saber ainda que a autora deste trabalho faz parte da família me deixa muito orgulhoso.