Deve haver poucos sítios neste imenso planeta como a Patagónia. Foi inspiração para aventureiros e acicatou as almas dos viajantes. Para aqui foram desterrados criminosos e fazedores de fortunas. Por aqui passou gente que mudou o ruma da História e a História mudou com eles.
Reza a lenda que quando Fernão Magalhães chegou a estas paragens, nos idos anos de 1520, terá ficado surpreendido com a robustez e corpulência dos indígenas locais e lhes terá chamado “patagón”, gente com patas grandes. Os patagões (que hoje se acredita serem os tehuelches) tinham uma altura média de 1,80m, muito acima da média dos espanhóis da época que mediam cerca de 1,50m.
Há qualquer coisa de tranquilo nesta paisagem. A quietude da patagónia acalma o espírito agitado dos viajantes. Não fosse o vento, e isto seria o paraíso.
Chama-lhe a “escoba de dios”, o vento tão forte que penteia tudo, limpa os céus e até curva as árvores. O vento que sopra do Atlântico sente-se ferozmente nestas paragens austrais.
O tempo passa mas parece que não saímos do mesmo lugar. São muitas horas até Punta Arenas, terra irmã de Sabrosa, em Portugal. São as terras de Magalhães, são as terras que,a nós portugueses, nos fazem encher o peito de ar.
Olho para lá da janela do autocarro e o céu abre-se com uma amplitude indescritível. Por muito que me esforce é praticamente impossível alcançar o horizonte. A espete autral, em tons acastanhados, alcança ainda mais dramatismo com as núvens carregadas que parecem unir-se à terra, lá longe.
Há ñandus e flamingos e outros animais que não consigo identificar, mas, ao fim e ao cabo, são km e km sem se ver uma alma penada.


