Há um lugar, lá onde começa Portugal, onde o Rio Minho corre apressado em direção ao Mar. Um lugar onde o verde é a cor principal e tudo pinta. Estamos no Alto Minho, e hoje o nosso trilho leva-nos até Melgaço. Querem vir connosco?
Não há melhor opção para um fim de semana prolongado que pegar nas malas e partir de carro rumo a um destino que, não sendo muito distante, nos promete divertir em família. Adoramos cada cantinho do nosso país, mas pelo Minho temos uma especial atração. Ainda nos lembramos que a inspiração para este blog começou no Gerês, em 2007. Desde lá até agora, se não nos tem faltado inspiração para viajar, confessamos que tínhamos já saudades deste canto a norte, onde se diz que Portugal começa.



Foi por isso com expectativa que aguardamos a chegada da data marcada para o evento “Pegada Zero”, que vai já na sua quarta edição e assim partimos rumo a Melgaço, com a bússola bem apontada para norte.
Numa terra de verde inebriante, cujo nome conjuga em jeito de antítese o Mel da simpatia das suas gente com o Aço que tempera o carácter de quem nela nasce e que lhe molda a vida, não podíamos ter tido melhor acolhimento.
E há mil razões para visitar esta vila raiana, onde, com orgulho, dizem que começa Portugal.



A nossa primeira paragem foi em Castro Laboreiro, onde fomos recebidos ia já longa a noite e num instante a manhã chegava já, fria, chuvosa e ventosa.
Com o tempo agreste lá fora, que bem que se estava na Porta de Lamas de Mouro, conhecendo as atividades que aqui se organizam. Apenas o Simão, zangado com S. Pedro, adormeceu e ficou quietinho, guardado pela mãe.



O pai partiu até ao Centro Interpretativo das Portas de Lamas de Mouro e veio de lá com maravilhas para contar. Diz que há lá uns óculos que nos permitem viajar no tempo e conhecer os modos de vida Castrejos.
O mau tempo não deu tréguas e algumas atividades foram canceladas, entre elas o Canyoning que tínhamos tanta vontade em experimentar, mas ainda assim fomos visitar o Canil do Cão Castro Laboreiro, onde fizemos amigos para a vida e passamos ainda no Núcleo Museológico de Castro Laboreiro, sempre muito bem guiados e acompanhados pela Sónia, da Just Natur.



Ainda que o nevoeiro nos turvasse a visão, a estrada até à vila de Melgaço mostrou a paisagem em todo o seu esplendor. Por entre brandas e inverneiras a nossa viagem seguiu os trilhos das gente de outrora, ainda que desta feita o motor a gasolina e o piso asfaltado tivessem amenizado a viagem.



Chegados à vila de Melgaço
Chegámos à vila de Melgaço e parece que deixámos a invernia para trás. O dia seguinte prometia atividades radicais e muita adrenalina no Rio Minho, mas hoje era ainda dia para a cultura, e Melgaço também, nesta vertente tem tanto para oferecer.
A Loja Interativa de Turismo é o ponto de partida. Aqui há muitas dicas, conselhos e informação sobre esta vila onde reina o Alvarinho. Mesmo ao lado da loja de turismo, e antes de esmiuçarmos o coração da vila, fomos descobrir as Ruínas Arqueológicas que comprovam a importância deste território desde tempos imemoriais.



Seguindo as ruas empedradas pela Rua Direita desembocamos mesmo na frente da Igreja Matriz da Vila de Melgaço, também conhecida como Igreja de Santa Maria da Porta, nome que lhe foi emprestado por se encontrar próxima da porta principal do primitivo castelo.



Já se vê ao fundo o coração desta vila minhota. O Castelo de Melgaço situa-se no cimo de um morro, foi mandado edificar por D. Afonso Henriques no século XII/XIII e deste antigo castelo resta apenas uma torre de menagem, que agora alberga um simples, mas interessante museu.



Subimos ao alto da Torre de Menagem, é que daqui as vistas são soberbas. Além do casario da vila, há uma mancha verde que se prolonga até Espanha.




A esta altura já dá vontade de fazer uma paragem para um descanso. Principalmente o Simão, que já quer saltar do carrinho e ver tudo numa posição vertical. Mas estamos quase lá.
Do Castelo, e depois de uma passagem pela Igreja da Misericórdia, famosa por ter à frente duas sepulturas antropomórficas medievais, chegamos ao ao Solar do Alvarinho. Aqui vamos fazer uma merecida pausa. E desengane-se quem pensa que aqui encontrará apenas vinhos. Há toda uma história e uma identidade que estas paredes vetustas preservam. É a imagem de um povo.



No solar, que já foi quase tudo, desde a prisão a escola primária, encontramos uma montra de dezenas de produtores de vinho alvarinho desta sub-região dos vinhos verdes. Todas as semanas um produtor diferente expõe os seus vinhos e dá-os a provar aos visitantes. Tudo isto de forma gratuita. No andar inferior, ainda se pode encher a despensa com os bons produtos da região.



O nosso passeio segue até à praceta onde está o Museu de Cinema de Melgaço – Jean Loup Passek. O edifício da antiga guarda-fiscal, adquirido e adaptado pelo Município, alberga o espólio colecionado ao longo da vida pelo francês Jean Loup Passek e doado ao Município.



Contornamos as muralhas do Castelo, através da Alameda da Inês Negra, e regressamos à Praça da República. Pelo caminho, ainda demos de frente com uma estátua peculiar, a estátua da heroína da terra, a Inês Negra, uma mulher guerreira que representa as mulheres anónimas que lutaram por Portugal.



O percurso ao longo da Alameda presenteia-nos com vistas espetaculares e privilegiadas sobre as vinhas de onde sai o precioso néctar, o Alvarinho.



E porque a história recente de Melgaço está inevitavelmente ligada, como muitos outras zonas raianas, ao contrabando e à emigração, o nosso roteiro pela vila termina no imprescindível e moderno Espaço Memória e Fronteira, onde, em passo lento, compreendemos melhor os dois fenómenos sociais marcantes para a identidade deste concelho.



O bilhete “Melgaço Museus” permite o acesso a diversos núcleos museológicos existentes no concelho, e da qual fazem parte:
- o Núcleo Museológico da Torre de Menagem e as Ruínas Arqueológicas da Praça da República;
- o Núcleo Museológico de Castro Laboreiro;
- o Museu de Cinema;
- o Espaço Memória e Fronteira.
Preços: Melgaço Museus: 5€ – (válido por seis meses) | Bilhete único: 2€


A visita trouxe ainda aventuras radicais e o rafting no Rio Minho foi suficiente para aumentar o ritmo cardíaco, pelo que foi preciso relaxar no complexo do Centro de Estágio de Melgaço e, passar uns belos minutos a aproveitar a sauna e o banho turco.



Melgaço tem-se afirmado nos últimos anos como um destino verde e radical, o mais radical do país. E nós pudémos comprovar isso mesmo. A verdade é que, sendo radical, é uma espécie de family friendly radical 🙂
Para os amantes das caminhadas, Melgaço tem uma extensa rede de Percurso Pedestres que irão deliciar até os mais renitentes às atividades de outdoor. Grande parte dos percursos situa-se na zona mais montanhosa, já em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês.No entanto, na vila de Melgaço podemos aproveitar para caminhar ao longo dos Percursos Marginais ao Rio Minho. A parte mais acessível e talvez mais bonita são os 1,5 kms de passadiço que corre paralelo ao Rio Minho, através de uma antiga levada desativada (veja aqui artigo sobre a nossa experiência neste trilho, com muitas dicas, principalmente para quem vai com bebés)



Mas há um sem-número de outras atividades radicais para usufruir desta terra. Se os percursos pedestres não são suficientes para libertar toda essa adrenalina, que tal aventurar-se, como nós, e fazer rafting no Rio Minho ou Canyoning no Rio Varziela ou Laboreiro? Há muitas atividades e algumas empresas de referências. Nós fizemos rafting no Rio Minho com a Melgaço WhiteWater e a experiência foi fenomenal. É uma atividade divertida para (quase) toda a família, na companhia de gente que conhece o rio e coloca a segurança acima de tudo. Há outras empresas a realizar atividades de natureza, é só escolher: Melgaço Radical e Montes de Laboreiro.
Mas há muito mais...
- Se queremos realizar uma visita e prova de vinhos temos ao dispor a simpatia e o bom gosto da Quinta do Soalheiro. Quer saber como é visitar a Quinta de Soalheiro, leia sobre a nossa experiência.
- Podemos aproveitar e conhecer as cabras mais felizes de Portugal, que ouvem música e têm um SPA, na queijaria Prados de Melgaço;
- Saber mais sobre as Brandas e Inverneiras em Castro Laboreiro;
- Que tal uma massagem nas Termas de Melgaço?;
- Viajar no tempo em Castro Laboreiro, deliciar-se com pontes ancestrais, cascatas de água pura e um castelo que tudo vigia lá no alto do monte;
- Seguir a Rota do Alvarinho e aprender mais sobre esta casta única;
- Sabiam que Cevide é o ponto mais a norte de Portugal. Sim, aqui situa-se o marco Nº1. Não percam a visita;
- Explorar o Parque Nacional Peneda-Gerês, fazer percursos pedestre e perder-se entre “florestas mágicas”;
- Visitar o Convento de Paderne, uma jóia do românico do Alto Minho.






Dicas para uma viagem confortável
Quando visitar Melgaço
Sejamos honestos, Melgaço visita-se o ano inteiro. Nós fomos a Melgaço por ocasião da “Pegada Verde”, mas há um conjunto de atrativos que podem ser um aliciante extra para visitar esta verdejante zona do país:
- Março: Fim de Semana gastronómico
- Abril: Festa do Alvarinho e do Fumeiro
- Maio: Melgaço Alvarinho Trail
- Junho: Marchas de São João; Corpo de Deus
- Agosto: Melgaço em Festa
- Novembro: Festa do Espumante
Onde comer em Melgaço
No centro histórico de Melgaço existem diversos restaurante de renome e que servem os pratos típicos da região, acompanhados do melhor dos vinhos Alvarinho. Estes são os mais famosos:
- Restaurante Tasquinha da Portela
- Restaurante Adega Sabino
- Restaurante Chafarix
- Adega do Sossego
- Cantinho do Adro
Onde Dormir em Melgaço
O alojamento em Melgaço é bastante diverso, com opções para todos os gostos, quer na zona urbana, quer nas zonas mais montanhosas e rurais. Em Melgaço, ficámos alojados duas noites no hotel Monte Prado Hotel & Spa, um hotel moderno, tranquilo, com SPA, um piscina exterior excelente e e mesmo ao lado do Rio Minho e do passadiço que falámos mais acima. Mas existem outras boas opções na vila, é só procurar no Booking.



Passámos também uma noite em Castro Laboreiro no Hotel Castrum Villae, um hotel moderno, mas muito acolhedor, típico das zonas de montanha.



[…] Melgaço, um destino verde e radical Por os meus trilhos do blog Os Meus Trilhos. […]
Belo blog, mas olhem que Portugal nasce mais a cima de Melgaço, em Cevide no KM0.
Vemo-nos por aí
Olá Ricardo, é isso mesmo. Cevide é o km0, que pertence ao Município de Melgaço. Infelizmente, desta vez não tivemos oportunidade de ir lá, mas ficará para uma próxima. Obrigado pela visita. Um abraço e boas pedaladas.
Obrigado.
Para a semana volto a passar em Melgaço. Estudem a rota Mariana q sai de Braga
Temos de ver isso 🙂 . Ultimamente às nossas caminhadas estão dependentes do pequeno Simão, mas a pouco e pouco e lá nos vai acompanhando. Abraço.
[…] acordou solarenga e o ar límpido. Estamos em Requiás, em Espanha. Nos dias anteriores andámos à descoberta do concelho de Melgaço, Lamas do Mouro e Castro Laboreiro. O plano era regressar à Guarda, mas como estávamos tão perto […]
Obrigado pela visita a Melgaço, pena não os terem informado sobre Cevide.
Ir a Melgaço e não visitar Cevide, é como ir a Roma e não visitar Papa?
O Ricardo Mendes já é um embaixador de Cevide.
https://youtu.be/BWVPG9VGxYs