No mês em que se celebra o centenário de um dos maiores vultos da literatura portuguesa, Os Meus Trilhos acompanharam o professor António José Dias de Almeida, numa viagem literária a Gouveia e Melo, uma viagem ao mundo de Vergílio Ferreira, aos seus lugares, às suas coisas, à sua obra…
A iniciativa, de nome “Viagem literária | Em torno “do mundo original” de Vergílio Ferreira”, foi promovida pela Biblioteca Eduardo Lourenço, na Guarda.
Panorâmica da aldeia de Melo, local de nascimento de Vergílio Ferreira (concelho de Gouveia)
Durante todo o dia, embalados pela prosa do autor, calcorreámos os lugares e as veredas da sua história. Visitámos os lugares dos seus livros, e, de quando em vez, atrevemo-nos a entrar na sua vida.
Da Guarda, cidade onde Vergilio Ferreira terminou os seus estudos liceais, cortámos as curvas apertadas que descem o vale do Mondego. Sim, esse vale e as aldeias que se ajoelham no sopé, tão bem retratadas no livro a “Manhã Submersa”.
Passamos ao largo de Celorico da Beira e, pela estrada da Beira, metemos em direção a Melo, a sua aldeia.
Os visitantes no largo em frente à famosa Casa Amarela, a Vila Josephine, que tanto nos transporta para o universo literário de Vergílio Ferreira
Perdemo-nos por aqui durante horas. Cruzámos as pontes, dos Namorados e do Carril. Fomos aos lugares da sua infância, a sua casa, a da sua tia! Subimos à igreja e descemos ao até ao fim. Juntámo-nos em volta da sua última morada, essa terra fria do seu sossego final!!!
Como ele próprio escreveu um dia: «20-Dezembro (sábado) [1980]. Aviso aos fachos e aos comunas para a hipótese (improvável) de eu vir a esticar: agradeço a especial fineza de me não recuperarem o cadáver. espero que mo instalem em Melo, onde há silêncio e pacificação. É favor não me estragarem o sossego. Disse.» Vergílio Ferreira, In Conta-corrente 3
Não esquecer: para assinalar o centenário do seu nascimento (28 de janeiro), muitas são as iniciativas que terão lugar pelo distrito da Guarda, com destaque, claro está, para vila de Gouveia. Sendo o programa seja extenso (consultar aqui) , há vários motivos de regozijo. Desde logo, são várias as exposições que terão lugar, os colóquios, a reposição do busto na praça central de Gouveia e a reedição das obras do autor pela Qetzal.
A Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço vai continuar os passeios vergilianos. Desta vez a incursão será pela Guarda, no dia 30 de janeiro, às 11h00.
Havemos de voltar a Melo e a Gouveia, havemos de dedicar todas as linhas que este escritor merece. Havemos de voltar a calcorrear os seus caminhos e veredas…