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Bogalhal Velho, a maldição das formigas gigantes

PortugalGuardaBogalhal Velho, a maldição das formigas gigantes

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Viajar é isto, é sair e parar a poucos quilómetros de casa e descobrir que mesmo aqui ao lado há aldeias perdidas no tempo e lendas de assustar. Viajar é virar o carro e seguir a placa castanha que nos indica ponto de interesse e ir ao encontro de algo novo que de tão antigo se apagou da memória colectiva. Foi assim que fomos surpreendidos pela aldeia de Bogalhal Velho, e se já soubéssemos da sua existência, nunca nos havíamos aventurado a trilhar o estradão que àquele ponto cimeiro nos guia.

Bogalhal Velho, em Pinhel
As ruínas da aldeia medieval de Bogalhal Velho, no concelho de Pinhel.

Hoje é a primavera que reina neste mundo perdido, e a invasão de flores cobre as ruínas num patchwork ondulante. As recentes chuvas trouxeram a cor e vida novamente à aldeia de Santa Maria do Porto de Vide, cobrindo este mar de granito que jaz a olhar para a Ribeira das Cabras que corre aos seus pés até se fundir no Côa, afogando assim a triste história desta aldeia medieval.

A Sandra e o Simão no Bogalhal Velho
O Simão e a Sandra a explorarem o Bogalhal Velho

Hoje só o riso do Simão ecoa nas paredes daquela que se pensa ser a igreja do povoado. Outrora, na idade média as crianças que cresciam naquele lugar eram devoradas por gigantes formigas. E foi neste trágico destino que a aldeia se apagou e ficou esquecida. As suas gentes tiveram de fugir e proteger as crianças e fixaram-se na atual aldeia do Bogalhal, no concelho de Pinhel.

O caminho florido, no Bogalhal Velho, em Pinhel
As ervas e flores que tomam conta do caminho de acesso ao Bogalhal Velho

A maldição desta terra dura até hoje e está bem presente no esquecimento a que foram votadas as ruínas, engolidas pela vegetação, apenas coroadas com os arcos do mais nobre edifício da aldeia antiga, a sua igreja. Outrora local de preces desesperadas que não se fizeram ouvir, hoje não é mais que uns blocos de granito despojados que resistem ao correr dos séculos em dois arcos inabilitáveis. Não fossem as placas castanhas que nos indicam a direção a seguir e poder-se-ia afirmar que aldeia de apagou para sempre deste território.

Ruínas do Bogalhal Velho, em Pinhel
As ruínas do no Bogalhal Velho, em Pinhel, com o pintalgado das oliveiras e amendoeiras

A história menos fantasiosa não nos deixa contudo esquecer que a aldeia deverá ter sido abandonada por ter perdido o seu caráter defensivo contra o inimigo castelhano. Do que foi o seu núcleo muralhado pouco resta, os 500 metros de altitude perderam importância com o cimentar das fronteiras e o pacificar de relações com os vizinhos espanhóis e deixaram de justificar a caminhada até ao topo desta serra.

Seja qual for a versão em que queiramos acreditar, não podemos deixar de nos entristecer pelo estado deste património e apelamos aos visitantes que se percam nestas ruínas e façam chegar ao mundo a beleza desta aldeia, até por que as vistas são magnificas e perdem-se no topo da Serra da Marofa

Serra da Marofa, vista desde o Bogalhal Velho, em Pinhel
Ao fundo a Serra da Marofa e o ondulante desta paisagem tão típica da Beira

E como todos os motivos são bons para regressar a aldeia mostra-se linda na primavera deixando adivinhar o esplendor que terá no outono ou quando a flor da amendoeira cobrir a vista de branco até ao infinito.

Informações úteis para visitar o Bogalhal Velho

  • Localização de Bogalhal Velho: a aldeia medieval situa-se na freguesia de Bogalhal, no Concelho de Pinhel. Ver no mapa a localização exata.
  • As ruínas da aldeia medieval estão parcialmente engolidas pela vegetação e pela erva. Há um caminho que circula toda a zona das ruínas.
  • Para aceder ao lugar, há um estradão que sai da estrada asfaltada que liga Bogalhal a Pinhel. O estadão, embora em bom estado, tem cerca de 1,5 km. Se tiver tempo, deixe o carro no acesso ao estradão e faça o percurso a pé. Com sorte, ainda terá belos encontros com coelhos e perdizes como nos aconteceu a nós.

Que visitar perto do Bogalhal Velho

  • Se vier até ao Bogalhal, não deixe de visitar a cidade de Pinhel, também conhecida como a cidade falcão e, agora, a capital do vinho da beira interior. Não vá embora sem levar umas garrafas do famoso néctar.
  • Mais abaixo, na aldeia de Bogalhal, encontrará uma lindíssima capela em traço românico;
  • Aqui perto há também outra aldeia que guarda uma história triste e que o tempo também deitou ao abandono, falamos da aldeia de Colmeal.
  • Está num lugar privilegiado para usufruir dos territórios do Côa, da paisagem agreste da Beira Interior e no rodeado de belíssimas aldeias históricas.

Onde ficar alojado

As melhores opções de alojamento passar pelo Turismo em âmbiente rural, e são inúmeras as opções para quem quer desfrutar de uns dias em pleno contacto com a natureza:

Mais fotografias do Bogalhal Velho

os meus trilhos
os meus trilhoshttps://osmeustrilhos.pt
Somos uma família apaixonada… apaixonada pelo mundo e pelas viagens, sejam elas curtas ou longas. Mas a maior das viagem começou há pouco, quando à equipa se juntou o pequeno Simão. Durante uma parte do ano vestimos as capas de dois burocratas do funcionalismo público, na outra, metemos a mochila às costas, pegamos no Simão, e vamos por aí… ver com outros olhos, conhecer o mundo, conhecendo-nos cada vez mais a nós próprios. Adoramos grandes aventuras por lugares longínquos, mas também gostamos de pegar no carro e andar por aí, sem destino. E porque a viagem não acaba nunca, como dizia Saramago, depois da viagem passamos tudo para aqui: textos, fotos, vivência, enfim… a nossa viagem! Um pouco de tudo num blog que é da Guarda para o mundo! Tudo sobre nós >>>

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Somos uma família apaixonada… apaixonada pelo mundo e pelas viagens, sejam elas curtas ou longas. Mas a maior das viagem começou há pouco, quando à equipa se juntou o pequeno Simão. Durante uma parte do ano vestimos as capas de dois burocratas do funcionalismo público, na outra, metemos a mochila às costas, pegamos no Simão, e vamos por aí… ver com outros olhos, conhecer o mundo, conhecendo-nos cada vez mais a nós próprios. Adoramos grandes aventuras por lugares longínquos, mas também gostamos de pegar no carro e andar por aí, sem destino. E porque a viagem não acaba nunca, como dizia Saramago, depois da viagem passamos tudo para aqui: textos, fotos, vivência, enfim… a nossa viagem! Um pouco de tudo num blog que é da Guarda para o mundo! Tudo sobre nós >>>

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