Terra: terceiro planeta a contar do Sol. Terra: normalmente associado ao local de origem de uma pessoa. Terra: cobertura terrestre da qual brota a vida…
Se tivesse que escolher um elemento, escolheria a Terra. Lembro-me de a minha mãe me contar que em criança eu adorava comer terra, de me rebolar nas suas vestes de me vestir de pó. Lembro-me de a apunhalar, de me mascarar de “garimpeiro” e explorar as suas grutas. Agora sinto que lhe pertenço, sim, à terra e agora sinto que o meu objectivo é outro, deixarei para trás as brincadeiras de menino e partirei em busca das maravilhas que ela guardada, um pouco para mim.
Certo dia, um jovem arquitecto paisagista “autrichien” de nome Joachim Zinner, a mando do rei e com o intuito de ser produzida no reino autrichien madeira de qualidade, manda plantar centenas de hectares de floresta, nomeadamente faias – “a catedral das faias”. Passeando por lá, ainda hoje podemos encontrar majestosas árvores que terão sido plantadas a mando do visionário arquitecto. Como já devem ter reparado o meu trilho hoje leva-me a uma floresta, à Florêt de Soignes.
No entanto, um destino trágico estava traçado para grande parte da floresta. Com a revolução belga de 1830, a Société Générale que tinha recebido a floresta a título de dote de Guillaume d’Orange, vende cerca de 60% da floresta por razões políticas, ficando apenas os 4400 ha que compreende hoje. Todavia o destino da floresta estava traçado e em 1984 o Estado Belga regionalizou a Floresta de Soignes e repartiu a sua gestão pelo estado da Valónia, Flamengo e Bruxelas.
Precisarei de muitos dias nesta floresta… São demasiados hectares para percorrer, muitos trilhos para trilhar, recantos para explorar. Hoje foi apenas o primeiro e a primeira vez é sempre importante, em tudo.
Com um dia solarengo, apesar de frio, a Floresta crepitava de alegria. Os corvos cantavam melodias mais alegres – não sei se será possível conjugar estas duas palavras conjuntamente, corvos e alegria – os cães que por ali passeavam rebolavam-se numa inteira felicidade cujos donos estavam a anos-luz de compreender, mas quem fazia fervilhar a floresta com os seus estalitos eram os esquilos. Entrei pela floresta dentro e lá estavam eles, refastelados absorvendo este maravilhoso sol primaveril. Foi uma autêntica passagem de modelos, uma verdadeira sessão fotográfica. Todavia com a minha Canon 18-55 pouco se poderia fazer, fica a intenção…
Fica aqui a passagem de modelos…