Depois do longo inverno, da chuva e do frio, decidimos calçar as botas e regressar à linha. Queríamos ver como estava agora, na linha na primavera. Queríamos ver se as flores já despontaram por lá.
Os dias já estão grandes e o sol promete. Saímos bem cedo em direção a Mirandela e depois ao Cachão. Já caminhamos pela linha entre a estação de Foz Tua e a Brunheda, num percurso de 22km, agora vamos percorrer a distância entre a estação Brunheda e Cachão.
Vão ser cerca de 22 km e hoje o sol está muito forte. Enquanto esperamos pelo Taxi que serve a linha do tua e que nos levará até Brunheda, abastecemos-nos de água junto ao café, na estação do Cachão.
São 11 da manhã quando o táxi nos deixa na ponte de Brunheda. Descemos em direção à linha e reparamos que está bem diferente de quando a deixámos em Outubro. Está mais verdejante, mais colorida.
Ao contrário da primeira parte da Linha do Tua, junto à foz, aqui o vale não é tão profundo, mas não deixou de nos surpreender com a sua beleza.
As arribas deixar de ser verticais, em vez de rocha pura começam a aparecer sinais da agricultura, da intervenção humana.
Ha menos estações e aparecem, cada vez, mais espaçadas, mas são cada vez mais os caminhos rurais que atravessam as linhas. Os antigos sinais “proibido circular pela linha!, deixam agora de fazer sentido. Deveriam alterar, deviam passar a ser: “por favor, circule pela linha”.
Depois de 8kms, chegamos à estação de Abreiro. Ao atravessarmos a ponte, encontramos os primeiros caminheiros refastelados à volta da merenda. Vêm do Porto e Guimarães. Aproveitaram o fim de semana para conhecer este magnífico vale. Acamparam em Brunheda e estão na última fase da caminhada até ao Cachão.
O sol aperta, está imenso calor, mas nada que nos detenha na marcha. A pouco e pouco há cada vez mais sinais evidentes da intervenção humana. Começas a aparecer mais moinhos, campos de cultivo e campos de flores… é a primavera no seu máximo esplendor. Ao pé do moinho descemos até ao rio. E molhámos os pés na água gelada do Tua. O paredão da represa está completamente rebentado, sinal da força das águas do último inverno.
Chegamos à aldeia de Ribeirinha com as reservas de água em baixa. A Sandra, uma destemida bebedora de água, sugera uma incursão pela aldeia em busca dela. bem no centro, no largo do fontanário, atestamos as vasilhas e seguimos, pela linha fora…
O rosmaninho que com o seu cheiro “empesta” as roupas nas fogueiras de São João, aparece e quer tomar conta da linha… sinais do tempo que passa, devagar para uns, rápido demais para outros.
Chegamos ao km 36, o sol está no seu zénite e é a algum custo que nos movemos, mas não paramos…
Somos inundados de amarelo, de um amarelo vivo… As oliveiras estão bem acompanhadas por este mar de malmequeres amarelos.
Encontramos mais caminheiros. Vêm do Algarve para passar 3 dias no vale. Acamparam e São Lourenço, depois em Ribeirinha e vão terminar em Mirandela. Perguntamos-lhes pela sensação do Tua, que lhes transmite este vale… Eles perguntam-nos pelas pessoas.
Quando chegamos ao Cachão, o nosso destino, vemos as almejadas pessoas. Vem-nos uma simples resposta à mente: As pessoas desapareceram com os comboio. Esperaremos pelos comboios, na esperança das pessoas virem neles.
Informação Prática
Percurso
A distância total do percurso é de 22km. O trajeto percorre-se de forma relativamente fácil, desde que munidos de bom calçado. Conte com cerca de 5/6h para a realização do mesmo. Não há muitos pontos de água ao longo da linha, por isso, não se esqueça de levar água (muita água) e proteção solar.
Aproveite a natureza e os encantos que ela tem 🙂
Consulte mais informação sobre a linha e este percurso na Câmara Municipal de Mirandela, no blog “A Linha é Tua” , no site do Movimento Cívico pela Linha do Tua.
Localização e Mapas
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Toda a informação sobre a Linha do Tua a Pé


Hoje mesmo estive na estação de Abreiro,e vi que andam a restaurar a linha estavam lá máquinas na via a repor os linhas .Estava lá a dizer que do Cachão até Brunheda ía ser restaurada.Pergunto eu se houver alguém que me saiba responder:vão por algum comboio sobre os trilhos entre essa duas estações?
tarcisiofonseca@live.com.pt