Em 1999, quando estavam em curso as obras de construção da autoestrada A23, sim aquela que segundo consta é a mais cara do país, descobriram-se por aqui vestígios de ruínas antigas que, veio a saber-se mais tarde, pertenciam a uma antiga villa romana: sejam bem-vindos às ruínas romanas da Quinta da Fórnea.
Aproveitando o sol radiante que contrasta com esta aragem fria bem característica destas bandas da Serra da Estrela, pegámos na lancheira, comida rápida lá para dentro, e metemo-nos à estrada.



As Ruínas Romanas da Quinta da Fórnea situam-me entre Belmonte e Caria, mesmo encostadinhas à A23.
Chegados a Belmonte, a terra de Pedro Álvares Cabral, aparecem as primeiras placas que indicam as ruínas. Metemos pela N345 e uns minutos depois estamos a estacionar o carro num pequeno estacionamento ao pé do caminho de acesso às ruínas. Aqui, um caminho de 300/400 m leva-nos até à antiga villa romana.
Um alerta, aqui não vai encontrar mosaicos vistosos e divisões ao estilo de Conímbriga. Mas vai encontrar um excelente exemplar das casas romanas da periferia das grandes cidades, villas onde os senhores se dedicavam primordialmente à agricultura.






As escavações que se realizaram no local, revelaram tipos de peças romanas bastante diversas, levando a crer tratar-se de uma propriedade habitada por uma família e criados.
Grande parte das divisões encontram-se ainda bem delineadas dando uma perspectiva exata de como era composta uma quinta romana no Séc. II.
À semelhança de muito outro património espalhado pelo nosso país, também este espaço museológico sofre com as contingências orçamentais e os desvarios cometidos nas finanças do país.
Foi feito um extraordinário trabalho aquando do achamento das ruínas. Acredito que foi feito um esforço enorme para manter este espaço visitável e apelativo aos visitantes. Mas, ao que parece, além de umas limpezas espaçadas e da colocação dos painéis, pouco ou nada se tem feito. O nosso património necessita atenção, não é suficiente ir lá de ano a ano e cortar as ervas. É necessário manutenção, divulgação, remodelação, enfim… investimento.



Bem, mas voltando à villa romana. Pese embora os vestígios aqui achados não sejam aqueles que revelem a mais antiga presença humana por estes territórios, uma vez que por aqui também encontramos sepulturas do tempo do megalitismo, as ruínas romanas desta quinta vieram colocar Belmonte no mapa do património histórico do tempos dos nossos antepassados romanos.
Se transportássemos esta Villa Romana para os dias atuais, poderíamos dizer que este lugar representaria o ideal perfeito de uma quinta rural dedicada à agricultura e pecuária, ao vinho e ao azeite. Dela fazem parte uma Pars urbana (alojamentos do proprietário ou Villicus responsável pela exploração, uma Pars rustica, onde se localizam os alojamentos dos trabalhadores e uma Pars fructuaria, constituindo-se esta última pelo conjunto de edifícios de cariz agrícola, como celeiros, lagar, adega…etc.



E a importância deste lugar vem mesmo daqui, do facto de existirem poucas “Villas” no nosso país totalmente escavadas.
Façam como nós e visitem as Ruínas e para melhor apreciar a paisagem levem o farnel e sentados aproveitem a vista panorâmica de um dia de sol. Sabem que em muitos dos nossos passeios optamos por levar connosco a merenda, ou pelo menos um snack rápido! Assim poupamos alguns trocos, que vamos de imediato gastar numa próxima viagem, mas também algum tempo. Uma boa lancheira, como esta da Totto que vêem nas fotos garante a qualidade da comida e facilita o transporte! Sendo o Sérgio vegetariano evitamos gastar dinheiro em refeições que na maior parte das vezes se resumiriam a uma omelete!
Localização das ruínas romanas da Quinta da Fórnea (Belmonte)
As ruínas da Quinta da Fórnea situam-se entre Belmonte e Caria, no Distrito de Castelo Branco, próximo do local onde a N345 conflui com a A23.
Para programar a sua viagem às Ruínas Romanas da Quinta da Fórnea, pode seguir este mapa.


