El Calafate é um vilarejo à entrada do Parque Nacional de Los Glaciares, na Patagónia Argentina. É difícil alguém ir à Patagónia e não se cruzar com esta pequena cidade. Connosco aconteceu o mesmo.
Depois dos dias fantásticos que vivemos em El Chaltén e na subida à Laguna de Los Tres, decidimos descansar um pouco e ficar três dias por aqui: aprender mais sobre o gelo, sobre a patagónia e por fim visitar uma das mais fantásticas criações da mãe natureza, o Perito Moreno.



El Calafate, é nome deste vilarejo, mas também é nome do arbusto símbolo da patagónia, o Calafate-da-patagónia. O Calafate é um arbusto que produz uma baga de cor azul escura, muito parecida com o mirtilo. Além das famosas compotas o calafate é muito usado em licores e produtos de beleza.
Apesar do crescimento exponencial que El Calafate viveu nos últimos anos, muito graças aos milhares de turistas que todos os anos por aqui passar para explorar os Glaciares, ainda se mantém uma cidade calma e acolhedora (ver mapa).
Decidimos pôr um travão nas nossas correrias e dedicar o dia a conhecer a pequena cidade. Depois, no dia seguinte, iríamos conhecer o Perito (até tremem as mãos só de pensar).
Começámos o dia a comprar os bilhetes para Puerto Natales, no Chile. Ainda faltam uns dias, mas queríamos assegurar de que não ficávamos aqui retidos. O corpo estava completamente moído, como se diz na Beira. Além do cansaço próprio da viagem, carregávamos os muitos quilómetros trilhados até à base do Fitz Roy.
Por volta das dez da manhã, estacionámos no largo Playón de la Secretaría de Turismo Provincial para apanhar o autocarro gratuito (transfer) que nos levaria ao mais recente atrativo da cidade: o Glaciarium.
Glaciarium é o primeiro museu de glaciares da Patagónia. O museu é um centro de interpretação de última geração, que oferece aos visitantes uma visão interativa, onde o Campo de Gelo Patagónico (Hielo Patagónico Sur) e os glaciares da região são os principais protagonistas. É um sítio mais do que obrigatório… não só pela tecnologia e pela interatividade do museu, mas acima de tudo porque nos permite perceber a magia do gelo e os enigmas que o mesmo encerra.



Um dos exploradores que mais contribuiu para o mapeamento e conhecimento da Patagónia foi Francisco Pascasio Moreno, conhecido como Perito Moreno.
Numa réplica da sua sala no Glaciarium está escrito o seguinte:
…¡Tengo sesenta y seis años y ni un centavo!…¡Yo, que he dado mil ochocientas leguas a mi patria, y el Parque Nacional, donde los hombres de mañana, reposando, adquieran nuevas fuerzas para servirla, no dejo a mis hijos un metro de tierra donde sepultar mis cenizas! Yo que he obtenido mil ochocientas leguas que se nos disputaban y que nadie en aquel tiempo pudo defender sino yo, y colocarlas bajo la soberanía argentina, no tengo donde se puedan sepultar mis cenizas: una cajita de veinte centímetros por lado. Cenizas que, si ocupan tan poco espacio, esparcidas, acaso cubrirían todo lo que obtuve para mi patria, en una capa tenuísima, si pero visible para los ojos agradecidos…
O Glaciarium está localizado a 6 km de El Calafate, pela ruta provincial n. 11, que leva ao Glaciar Perito Moreno. Transfers para o Glaciarium (gratuitos) saem da oficina de Turismo Provincial, em El Calafate. Quanto aos preços, atendendo à flutuação que o peso argentino tem, é melhor consultar aqui no site do Glaciarium.
Enquanto esperávamos o transfer de volta a Calafate, aproveitámos para fotografar o Lago Argentino… que daqui, tem umas cores fantásticas.
Voltámos à cidade para vagabundear um pouco.
Parámos no supermercado e comprámos algo para comer. Parece que o Sr. Perito Moreno está em todo o lado… O Sr. Perito Moreno é uma espécie de heroi por estas bandas, quase a par de San Martin. Há muita gente que não o pode ver, principalmente pelas suas observações e polémicas em relação às comunidade indígenas, dizimadas com a vindas dos colonos europeus. A verdade é que, apesar de polémico, o Peri fez um excelente trabalho na descoberta, mapeamento e exploração da patagónia, tendo, inclusive, dado nome a um glaciar. Adivinhem lá qual é??? 🙂






A cidade, apesar de acolhedora, é bastante pequena e temos de nos esforçar para arranjar algo que fazer. Aproveitámos a dica do Lonely Planet e fomos até ao centro Histórico de Interpretação, um espaço que, através de réplicas de dinossauros, de cenas da vida familiar, etc, nos fará uma viagem através da história da Patagónia.
No fim, incluído no bilhete de entrada, tivemos direito a um mate quente, que bebericámos com paixão.






Ao final da tarde fomos preparar a nossa ida ao Glaciar Perito Moreno, a razão de quase todos virem até El Calafate. O Glaciar fica a uns 80km da cidade, já no PN dos Glaciares. Queríamos não só ver o glaciar mas também caminhar sobre o gelo. Mas a verdade é que as coisas nem sempre correr como nós planeamos, não é verdade… Na próxima crónica, ja no glaciar, vamos contar tudo!