Quando chegámos ao aeroporto de El Calafate ainda não sabíamos muito bem que fazer. Não tínhamos a certeza sobre a melhor forma de chegar a El Chaltén, a aldeia sobranceira ao monte Fitz Roy…
Queríamos ter vindo de autocarro e percorrer os caminhos que separam Buenos Aires da Província de Santa Cruz, bem mais a sul. Quando descobrimos que precisávamos de 48h e um preço igual ao preço de um voo de 3 horas, desistimos rapidamente da ideia. O tempo, mesmo aqui na Patagónia, é um bem escasso.
Depois do scan às mochilas e de algumas perguntas sobre os tipos de alimentos que transportávamos – a circulação na Patagónia com frutas e outros alimentos semelhantes está sujeita a rigorosas regras – começámos a inquirição dos vários stands que havia no aeroporto. Fizemos contas e por fim lá optámos por pagar 280 pesos pela viagem entre o aeroporto e El Chaltén. Na prática seriam 220 km pelas estradas patagónicas e ficava bem mais barato do que ir para a cidade de El Calafate e depois apanhar um coletivo para El Chaltén.



Apesar da van ir completamente cheia de aventureiros, viajantes e alpinistas, esta é uma viagem solitária, uma viagem de quase introspeção.
A maquina fotográfica dispara de vez em quando, mas é quase só isso.
Passamos pelo Lago Argentino e pelo Lago Viedma… há coisas que não se explicam, só mesmo vendo as fotos.
Por fim, o vislumbre, ainda que de relance, do Fitz Roy, através do vidro dianteiro da Van, fez nascer um sorriso, de orelha a orelha, na face do nosso companheiro norte americano.
Veio para cá de propósito para desbravar as escarpas quase virgens do “cerro”. Vem dos Estados Unidos carregado de material de alpinismo: cordas, arneses, tendas… enfim, tudo que é preciso para sobreviver a 3 mil metros de altitude, numa das montanhas mais fascinantes do mundo.



O Fitz Roy é um monte nos Andes, já na fronteira com o Chile. Apesar dos modestos 3.375 metros, dizem que é dos mais difíceis de escalar do mundo.
O nome – Fitz Roy – é uma homenagem a Robert Fitz Roy, capitão do HMS Beagle, navio que levou Charles Darwin na sua viagem ao redor do mundo.



Chamam-lhe a capital do Trekking e El Chaltén faz jus ao epíteto.
Chegámos já ao final do dia à pequena aldeia, mesmo a tempo de observar a quantidade de caminheiros que regressa à base, depois de mais um dia nas montanhas. Fazemos algumas operações de logística. Procuramos alojamento, comprámos alguma comida e planeámos os dias seguintes.



Amanhã seria a nossa vez de subir à montanha.
O Hostel, o Rancho Grande, estava repleto de mochileiros. Depois de um banho, bem dado, preparamos a comida! Comemos lentamente, enquanto observávamos a agitada noite dos nossos “amigos” israelitas. Há muitos por estas bandas. Na entrada da porta, a mensagem que pede para não deixarmos aporta aberta, até está em hebraico.
Depois dos anos no exército, fazem-se ao mundo e viajam para estas paragens para “relaxar”.
Vamos lá para a caminha que amanhã o dia começará bem cedo!
Dicas e Informações sobre El Chaltén
– Se chegar ao aeroporto de El Calafate, saiba que existem serviços de bus diretos para El Chaltén (vale a pena ir diretamente para El Chaltén, em vez ir para El Calafate e depois seguir para El Chaltén. Apesar de ser um pouco mais caro, compensa pelo tempo e pela comodidade)
– Cada viagem, custa cerca de 260 pesos argentinos;
– Entre o aeroporto e El Chaltén são cerca de 200km e mais de 3 horas de viagem;
– Existem vários serviços diários de autocarro entre El Chaltén e El Calafate (a viagem demora cerca de 3 horas e custa 22 pesos argentinos)